Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

@Verdade online: @Verdade EDITORIAL: Ninguém acredita na auto-estima quando é preciso sobreviver

@Verdade online
@Verdade Online - Jornal que está a mudar Moçambique
@Verdade EDITORIAL: Ninguém acredita na auto-estima quando é preciso sobreviver
Dec 13th 2012, 13:50

"Cada um sabe de si e Deus sabe de todos", este adágio popular é o retrato fiel do país que somos. Ou melhor: do país que nos tornámos. Um país engravidado pelo egoísmo colectivo dos seus filhos. Aqui, no ventre do egoísmo, ninguém escapa. É um mal que atinge todos nós, sem excepção. Esse egoísmo – não temos medo de afirmar, ainda que seja de uma única perspectiva da verdade – deriva de duas coisas que destruímos nos últimos 37 anos: saúde e educação. Só isso, aliás, justifica o facto de andarmos a gritar, aos quatro ventos, que somos um povo com auto-estima, maravilhoso e trabalhador. Não é verdade e nem pode, por mais que nos esforcemos, ser real.

Ninguém fala, com tanta convicção, de algo que possui. O Presidente da República, quando invoca a tal da auto-estima, fá-lo para convencer o moçambicano de que a possui, de que ela é intrínseca à natureza do cidadão nacional, de que ela é a condição necessária para nos reconhecermos dignos de ter Moçambique como a terra que nos pariu. Age desse modo, também, para convencer a si mesmo de que a temos e que acreditamos nele.

Contudo, Guebuza não sabe que só é possível falar de auto-estima num contexto onde todos partilham as mesmas possibilidades, num contexto onde o lambebotismo não é o diploma que confere cargos aos maiores incompetentes que a guerra de libertação pariu, um contexto onde as oportunidades conhecem cores políticas e romantizam com esquemas congeminados no esgoto da sacanice. Isso é tudo, menos auto-estima.

Quem ainda ousa falar de auto-estima desconhece profundamente o país que somos. As pessoas deixaram de viver para coisas comuns. Todos querem e procuram dinheiro. Isso começou quando começámos a vender as vagas para emprego. Quando começámos a pagar pela vaga na escola. Quando começámos a pagar para furar a fila no hospital. Quando o polícia descobriu que pode viver à grande e à francesa nas ruas de Maputo. Quando deixamos morrer a frota de transportes públicos. Quando falimos, propositadamente, empresas públicas para criar novos-ricos. Quando, como diz o músico, transformamos a lei de probidade pública em lei de promiscuidade pública.

Hoje, diga-se, é justo que cada um lute por ter um pouco mais. Num país onde os serviços básicos como educação e saúde não garantem nem educação e nem saúde é, no mínimo, lícito que as pessoas lutem para ter mais dinheiro. Até porque só o dinheiro pode permitir que sobrevivamos mais um dia nesta selva de pedra.

É justo, diga-se, que o ministro da saúde, por exemplo, coloque os filhos em escolas privadas e que os mesmos tenham assistência médica no exterior. É justo também que as pessoas que deviam zelar pela educação e pela saúde atravessem fronteiras para tratar de ambas. Num país assim, onde essas coisas que deviam insuflar os cidadãos de orgulho, não servem a quem deve servir o povo ter auto-estima é pecado. Não somos malucos nós para ter auto-estima no reino dos abutres.

You are receiving this email because you subscribed to this feed at blogtrottr.com.

If you no longer wish to receive these emails, you can unsubscribe from this feed, or manage all your subscriptions

Related Posts by Categories



0 comments:

Enviar um comentário