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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Maduro comemora votação na Venezuela, oposição fala em fraude e promete mais protestos

Manifestantes contra o governo bloquearam ruas nesta segunda-feira e prometeram uma onda renovada de protestos contra o presidente Nicolás Maduro, após uma eleição no domingo dar amplos poderes ao líder venezuelano e seu governista Partido Socialista.

Pelo menos 10 pessoas foram mortas no domingo em protestos contra o impopular Maduro, que insiste que a Assembleia Constituinte recém-eleita do país irá levar paz após quatro meses de protestos, que deixaram mais de 120 mortos.

Partidos da oposição ficaram fora da eleição, dizendo ter sido fraudada como parte de uma tomada clara de poder por Maduro, deixando todos os 545 assentos da Assembleia para os socialistas e seus aliados. Manifestantes colocaram barricadas ao longo das principais vias de Caracas, à medida que denunciavam o advento da ditadura.

O trabalhador da construção civil Leonardo Valbuena, de 35 anos, encostado em um barril enferrujado ao lado de um cabo estendido por uma rua normalmente movimentada, disse estar protestando porque a crise econômica o deixou incapaz de encontrar emprego.

“Eu tenho quatro filhos, quatro! Como posso alimentá-los?”, reclamou Valbuena. Enquanto o governo alega que 8 milhões de eleitores votaram no domingo, a oposição diz que o total ficou em cerca de 2,5 milhões.

O banco de investimentos Torino Capital disse que as pesquisas de boca de urna projectavam um número de cerca de 3,6 milhões de eleitores.

"É uma mentira descarada. Passei o dia todo observando Petare. Esse número (8 milhões) é impossível, é uma fraude total", disse o parlamentar da oposição Angel Alvarado, que disse à Reuters que monitorou a participação em uma favela de Caracas.

Países pelas Américas, assim como a União Europeia, denunciaram a criação da Assembleia, que terá poder de reescrever a Constituição. Os Estados Unidos --principal mercado para o petróleo da Venezuela - classificou a votação de farsa e autoridades em Washington disseram estar preparando sanções ao sector petroleiro.

Líderes da oposição dizem que a eleição foi elaborada para fortalecer a permanência de Maduro no poder em meio a crescente irritação com uma crise económica marcada por aumento dos níveis de pobreza, a taxa de inflação mais alta do mundo e escassez de alimentos.

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, que tem sido uma dura crítica de Maduro neste ano, disse que a criação da Assembleia Constituinte estava colocando “poder absoluto” nas mãos da liderança do Partido Socialista.

“Estamos na presença de ambições ditatoriais”, disse Ortega durante entrevista coletiva.

Autoridades do governo sugerem há semanas que ela será demitida pela nova Assembleia, que terá poder de dissolver instituições Estatais como o Congresso, liderado pela oposição, e demitir autoridades estatais. Maduro pediu nesta segunda-feira uma “reestruturação” da Procuradoria-Geral. Parlamentares da oposição se encontraram para discutir estratégias.

“Ninguém reconhece esta Assembleia (Constituinte), é a síntese do nada”, disse o parlamentar Juan Requesens em transmissão na internet à medida quando entrava no Congresso para um encontro com deputados da oposição.

O número 2 do Partido Socialista, Diosdado Cabello, insinuou no domingo que a Assembleia Constituinte irá se formar no mesmo palácio legislativo. Os socialistas controlavam o Congresso até uma vitória esmagadora da oposição em 2015.

“Eles nos expulsam pela porta, nós voltamos pela janela”, disse durante entrevista coletiva. Requesens, no entanto, alertou sobre uma dificuldade caso forças do governo queiram tomar as instalações do Legislativo.

“Se eles quiserem tomar o Congresso com seus veículos blindados, com seus grupos paramilitares, então o que estará esperando eles aqui é uma luta”, disse, se referindo aos grupos armados pró-governo que recentemente invadiram o Congresso e agrediram deputados com canos, deixando diversos ensanguentados e feridos.

Há duas semanas, a oposição organizou um referendo não oficial sobre o plano de Maduro, quando mais de 7 milhões de eleitores rejeitaram esmagadoramente a Assembleia Constituinte e votaram a favor de eleições presidenciais antecipadas.



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