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terça-feira, 31 de outubro de 2017

“Nós estamos a formar duas equipas”, para chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões e ...

Foto de Eliseu PatifeJosé Manuel da Costa, que voltou a presidir a União Desportiva de Songo cerca e uma década depois de a ter oficialmente criado como HCB de Songo e trazido-a do provincial para o Moçambola, revela ao @Verdade o segredo para alcançar o mais importante troféu do futebol em Moçambique. Em exclusivo ao @Verdade conta como se tentou levar ao título o “Costa do Sul”, fala da estratégia para a Liga dos Campeões e revalidar o título nacional na próxima época, “nós estamos a formar duas equipas”, e define o que quer deixar como legado, “engrandecer o clube não é ganhar a Taça de Moçambique, é apetrecha-lo de infra-estruturas”.

@Verdade - O que foi feito diferente esta época para que a União Desportiva de Songo conquistasse o primeiro título nacional?

José da Costa – Realmente nós tivemos uma experiência na época passada com muitos fantasmas, a gente não sabe como é que perdeu aquele campeonato, não é normal. Não podemos esquecer que em alguma coisa que o Semedo(Nota do Editor: alusão a Artur Semedo) fala e diz tem razão. Nós da 1ª a última jornada vivemos com cautelas que os fantasmas do ano passado reaparecessem. Claro que perdemos, mas fizemos muitas sessões de motivação com os jogadores e a equipa técnica. É fácil perder quando se está a frente, toda a gente dá máximo, até os jogadores adversários aproveitam para mostrarem-se par verem se são contratados por nós, o jogador adversário também quer ser campeão, estar em primeiro e ganhar bem. Na época passada também tínhamos estas sessões de motivação mas na altura notamos que os jogadores não gostavam da denominação psicologia, parecia que estavam malucos. Este ano mudamos o nome para sessões de motivação em que pessoas experientes, inclusive várias vezes o próprio presidente do conselho de administração da Hidroeléctrica, trabalhavam com a equipa. O jogador sem se aperceber ganhou espírito ganhador, esse foi o diferencial em relação a época passada.

@Verdade – Uma das suas primeiras decisões quando assumiu a direcção do clube foi mudar a equipa técnica, que entretanto tinha conseguido um inédito 2º lugar e a Taça de Moçambique, porquê?

José da Costa – Ao Semedo foi exigido que se retratasse de algumas posições tomadas publicamente, sobretudo o que disse contra o público do Songo, que é o dono do clube. Ele insultou muito a esse público, muitos deles são sócios, o que nós fizemos foi pedir ao Semedo que se retratasse.

@Verdade – E Chiquinho Conde foi a primeira opção?

José da Costa – Nós andávamos a algum tempo a “namorar” o Chiquinho Conde tendo em conta que não acreditávamos que o Semedo fosse se retratar. Mas o Semedo é um grande treinador, mostra trabalho, põe as equipas a jogar.

@Verdade – Está a dizer que Artur Semedo tem o mérito que reclama neste primeiro Campeonato ganho pela União Desportiva de Songo?

José da Costa – Não faz sentido como ele reclama, então todas as equipas que foram campeãs e que ele treinou devem-no a ele, isso não é possível. O mérito deste título é todo do Chiquinho, ele(Nota do Editor: Artur Semedo) teve o seu contributo mas não para este campeonato. Teve contributo na formação da equipa, para chegar onde chegou, ele e os outros treinadores que passaram por lá. Temos feito trabalho continuado, o Semedo também encontrou trabalho feito.

 

No fim do jogo(Chingale vs Costa do Sol) foram beijos e abraços entre “canarinhos”

@Verdade – União Desportiva de Songo é um clube com pouca representatividade na província de Tete, como é que pensa alargar a massa associativa e de adeptos?

Foto de Eliseu PatifeJosé da Costa – O coração dos tetenses não se conquista, nem mesmo no voto. O tetense há-de ser sempre numa primeira análise do Costa do Sol e depois do Chingale isso não conseguimos mudar, pode até fazer de conta mas na realidade... porque o Chingale surgiu do Costa do Sol, como o Desportivo de Nacala ou a Associação Desportiva de Macuacua. O Desportivo de Nacala rompeu essa ligação mas os outros mantêm. O que o público de Tete queria, dizia e gritava, inclusive pessoas com alguma preparação e até jornalistas, era que o Costa do Sol fosse campeão.

@Verdade – Mas esse apoio ao Costa do Sol e a rivalidade com a União Desportiva de Songo é algo natural ou instigado?

José da Costa – Eu não sei. Mas o Costa do Sol quando o campeonato iniciou somou empates e derrotas até a 5ª jornada, na 6ª jornada apanhou o Chingale e conseguiu a primeira vitória ainda por cima na casa do adversário, porquê? No fim do jogo foram beijos e abraços entre “canarinhos”. Quando nós fomos a Tete ganhar foram pedradas contra jogadores, treinador, o chefe de departamento do futebol também levou uma pedrada, partiram os vidros de cinco carros nossos que estavam lá. Eu tive de sair do campo(Nota do Editor: campo do Chingale) disfarçado com capacete e colete da polícia e no carro do director provincial da justiça.

@Verdade – Neste momento qual é o número de sócios e de adeptos da União Desportiva de Songo?

José da Costa – Temos cerca de 700 sócios e cinco mil adeptos no Songo.

@Verdade – Mas agora depois de ser campeão tornou-se num dos “grandes” como pretende crescer no apoio popular?

José da Costa – O adepto de Tete já viu que tem de tornar-se adepto da União, pior agora que não tem o Chingale no Moçambola, mesmo que não seja de coração vão apoiar, embora seja um processo que vai legar algum tempo. Também começam a ficar com pouca escapatória porque sempre acreditaram que o campeão seria o Costa do Sol, seria fabricado no Maputo, como foi fabricado o Ferroviário da Beira. Mas a União Desportiva de Songo foi maior do que isso tudo.

@Verdade – Mas sente que houve algum tipo de conspiração para impedir a União Desportiva de Songo de chegar ao título nacional?

José da Costa – Nós criticamos muito as posições da Liga de Clubes, da CNAF, dos jornalistas da STV, jornalistas da TVM. A TVM teve sorte de ter lá o Victor Magaia e o Toni Gravata que contrariaram bastante as posições dos jornalistas da casa que sempre traziam para o público que o Costa do Sol ia ser campeão, que a UDS estava em queda. O mesmo aconteceu com os jornalistas e comentadores da STV que nós até apelidamos de jornalistas do Costa do Sul. Eles puxaram muito pelo Costa do Sol, deram mais espaço de antena ao Costa do Sul.

 

Chiquinho Conde é para manter e “teremos grandes reforços nacionais e estamos a procura de três estrangeiros”

@Verdade – Agora tem que lidar com a Liga dos Campeões, já começou a preparação?

José da Costa – Já começamos. Estamos a tentar convencer primeiro ao conselho de administração(Nota do Editor: da Hidroeléctrica de Cahora Bassa) que temos de ter campo. Sem campo as afrotaças não dão dinheiro.

@Verdade – Mas o campo ainda seria para esta campanha?

Foto de Eliseu PatifeJosé da Costa – Tempo há sempre, quando há vontade. Nós temos pessoas que dedicam-se e vão continuar a dedicar-se. Mas o que está definido é que vamos utilizar como campo principal o do Ferroviário da Beira e como alternativo o estádio nacional do Zimpeto. Mas não vamos descurar de fazer o nosso próprio campo. No ano passado tivemos a experiência de jogar as afrotaças em Maputo, num estádio com capacidade para 45 mil pessoas não estavam lá 300 pessoas. Mas quando fomos a África do Sul jogar contra o Platinium Stars FC primeiro eles não cobraram o bilhete de entrada, depois encheram o campo com 10 a 15 mil pessoas. Nós num campo com 300 pessoas o adversário fica à vontade, nem está a jogar fora.

@Verdade – Mas jogar na Beira também não será em casa da UDS?

José da Costa – O público da Beira vai ao futebol, nos jogos das afrotaças mesmo a cobrarem 400 meticais o campo enchia. E mais importante do que a receita é o apoio que a equipa precisa.

@Verdade – E em termos de jogadores o que está previsto para singrar na Liga dos Campeões?

José da Costa – Nós vamos ter dois planteis na próxima época, teremos grandes reforços nacionais e estamos a procura de três estrangeiros.

@Verdade – A equipa técnica é para manter?

José da Costa – De princípio sim, a menos que aconteça um grande azar.

@Verdade – O que seria um grande azar?

José da Costa – O Chiquinho tem formas de até 31 de Novembro de optar por sair ou ficar. Mas se ele saísse seria muito complicado para nós porque estamos a contar com ele e a sua equipa.

 

“O nosso objectivo é chegar à fase de grupos” da Liga dos Campeões

@Verdade – A União Desportiva de Songo vai à Liga dos Campeões com que objectivo?

José da Costa – O objetivo é sempre chegar mais longe, mas temos de pensar terra à terra. Este objectivo para ser alcançado tem ser com campo. As afrotaças joga-se empatando ou perdendo por margem mínima fora, não há outro resultados pois eles também tem o apoio do público deles lá, e depois vir resolver em casa. Mas em casa não é jogar no Zimpeto, que não é casa de ninguém pois não vai lá ninguém ver jogos. No Songo o árbitro não faz o que quer, aliás o Songo só tem uma entrada e uma saída. E a gente avisa na reunião técnica cuidado que a sua segurança é o seu trabalho, isto aqui é uma vila que tem a particularidade de só ter uma entrada e uma saída.

@Verdade – Chegar mais longe é onde, o Ferroviário da Beira foi uma das oito melhores equipas de África.

José da Costa – O Ferroviário da Beira chegou à fase de grupos, daí para os “quartos” foi devido a desistência de dois clubes. No campo não chegou aos quartos-de-final, ninguém vai ter novamente aquela sorte do Ferroviário da Beira. O nosso objectivo é chegar à fase de grupos.

@Verdade – E para o Moçambola 2019 qual é o objectivo?

José da Costa – O objetivo é defender o título de campeão. Nós estamos a formar duas equipas praticamente, não estamos a fazer como o Ferroviário da Beira que tinha só uma equipa, por isso o nosso plantel vai encarecer muito pois vamos ter jogadores experientes. O orçamento vai aumentar pelo menos para o dobro deste ano.

 

“Engradecer o clube não é ganhar a Taça de Moçambique, é apetrecha-lo de infra-estruturas”

@Verdade – A União Desportiva de Songo além de futebol que outras modalidades e escalões movimenta?

Foto de Eliseu PatifeJosé da Costa – Tem formação desde os 7 anos de idade, este ano estamos a movimentar a partir dos 5 anos, temos juvenil, temos júniores. Também temos equipas de basquetebol, de atletismo e de natação.

@Verdade – Movimentar isso tudo implica investimentos, quem paga?

José da Costa – Temos ainda poucos e insignificantes patrocinadores para além da HCB. Recebemos algumas propostas, estão a chegar alguns patrocinadores grandes. Já temos um grande patrocinador que em breve será anunciado.

@Verdade – Até ao final do mandato que legado espera deixar?

José da Costa – O objectivo do meu mandato que era trazer um campeonato à vila do Songo já está feito. Tal como em 2008 pus a equipa na “poule” e no mesmo ano consegui leva-la ao Moçambola, num ano já ganhei o campeonato que era o objetivo principal dos quatro anos do meu mandato. Agora temos de engrandecer o clube. Engrandecer o clube não é ganhar a Taça de Moçambique, é apetrecha-lo de infra-estruturas. Sem campo não hei-de ganhar as afrotaças, a empresa(Nota do Editor: da Hidroeléctrica de Cahora Bassa) tem que entender que tem de migrar para um campo melhor para nós podermos ter objectivos maiores. Porque sem campo não há mais objectivos a alcançar. O passo seguinte da USD é a Liga dos Campeões e só persegue esse objetivo quem joga em casa e para isso é preciso termos campo, caso contrário não tens hipóteses.

@Verdade – Como tem sido a articulação com a Federação na preparação para a Liga dos Campeões?

José da Costa – A Federação não consegue cumprir as suas obrigações, a Federação ainda está a procura de ganhar dinheiro com as afrotaças e do clube. A Federação não ajuda na questão das deslocações que somos obrigados a pagar a deslocação das equipas que vêm de fora desde Maputo até ao nosso campo, no caso da Beira saia mais barata a ligação Johannesburgo – Beira do que para Maputo. Isto é uma estratégia da Federação para nos fazer jogar em Maputo. O que nós vamos fazer é começar a frequentar a Federação com alguma assiduidade, os corredores. Porque inocentemente a Federação vai tomando decisões que depois prejudicam bastante ao clube.



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