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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Após gastar 1,8 bilião Governador do Banco de Moçambique reza pelo novo software da SIMO... ...

Depois de gastar mais de 1,8 bilião de meticais nos dois anteriores softwares comprados para a Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO) o Banco de Moçambique(BM) contratou nesta segunda-feira(10) a empresa norte-americana Euronet para a instalação de um novo sistema informático para os pagamentos electrónicos interbancários no nosso país. “Rezamos para que a sua implementação seja rigorosa” disse apenas o Governador do banco central. O @Verdade sabe que a implementação plena da nova plataforma só acontecerá depois de 2020.

Oito anos após a criação da instituição que é suposto disponibilizar “um sistema electrónico de pagamentos moderno, seguro, fiável, integrado, inclusivo e de acesso universal que permitisse massificar a utilização de meios de pagamentos electrónicos a nível nacional”, e 25 dias após o apagão da SIMO rede em Moçambique o principal acionista da Sociedade Interbancária de Moçambique rubricou um acordo com uma empresa norte-americana, fundada em 1994 na Hungria, para a compra da licença do seu software que deverá substituir o que que actualmente está em reutilização e é fornecido pela portuguesa BizFirst.

“A nossa solução disponibilizada pela Euronet consiste num licenciamento perpétuo que responde as necessidades actuais do mercado, oferece serviços hoje disponibilizados pela SIMO rede e ainda novas funcionalidades apresentado a vantagem de estar certificada e responder as exigências dos diferentes sistemas de pagamentos internacionais” afirmou Luísa Samuel Nabel, directora do gabinete de assessoria jurídica do BM.

Foto de Adérito CaldeiraA representante do banco central disse ainda ser “nossa convicção que hoje inicia uma nova caminhada rumo a unificação de todas as plataformas de pagamentos electrónicos em Moçambique, objectivo que só será possível alcançar com o profundo envolvimento de todas as instituições de crédito e sociedades financeiras da SIMO e da nossa parceira a empresa Euronet”.

Após testemunhar a assinatura do contrato o Governador Rogério Zandamela, acompanhado pelos Administradores, quadros seniores do BM, gestores da SIMO e o presidente da Associação Moçambicana de Bancos, fez um brinde e apenas afirmou: “Rezamos para que a sua implementação seja rigorosa e esteja em linha não só com a letra mas também com o espírito do contrato que ambas partes acabaram de assinar”.

Migrar da BizFirst para o sistema informático da Euronet é trabalho para mais de 12 meses

O @Verdade não sabe se o Governador do banco central é religioso mas Zandamela, que foi desautorizado pelo Governo na sua pretensão de não voltar a usar o software da empresa BizFirst, bem pode rezar a todas as confissões religiosas existentes em Moçambique, e no planeta, mas terá de conviver com a plataforma portuguesa durante pelo menos os próximos 12 meses, senão outros tantos.

É que só depois da assinatura dos contratos, em Maputo, e do mais do que provável primeiro pagamento à empresa norte-americana é que os engenheiros informáticos da Euronet irão começar a lidar com a solução para Moçambique.

Foto de Adérito CaldeiraO @Verdade apurou, junto de engenheiros informáticos com experiência no ramo, que ultrapassadas as formalidades burocráticas não se trata apenas de instalar um novo software e depois ligar às plataformas que cada um dos bancos comerciais possui.

Instalado o novo sistema informático na SIMO, que muito provavelmente será acompanhado por hardware novo, os engenheiros iniciarão o desenvolvimento de sistemas específicos para cada um dos 11 bancos comerciais que estão neste momento conectados à rede e depois vão desenvolver outros softwares para cada um dos vários serviços de pagamentos electrónicos existentes.

Posteriormente será necessário efectuar um processo de ligação aos pelo menos três provedores globais de cartões de crédito dentre outros procedimentos que requerem não só o envolvimento dos engenheiros da SIMO e da Euronet mas também de cada uma das instituições cujos sistemas e serviços precisam de ser conectados.

As fontes ouvidas pelo @Verdade afirmam que cada um destes procedimentos demora pelo menos 2 semanas. Os entrevistados do @Verdade recordam que aquando da entrada de um dos bancos comerciais, aquele que tem quota de mercado de 16 por cento, à SIMO rede os procedimentos demoraram mais do que 1 ano a serem migrados.

Portanto migrar do software da BizFirst os mais de 2 milhões de cartões, cerca de 20 mil POS (Point of Sale) e pouco mais de mil ATM (Automatic Teller Machine) para o sistema informático da Euronet será trabalho para mais do que 12 meses.

Solução SIBS custou 625 milhões e InterBancos 1,1 bilião de meticais

Investigações do @Verdade apuraram que desde que a Sociedade Interbancária de Moçambique foi criada em 2011 os moçambicanos já investiram na empresa pelo menos 1,8 bilião de meticais e não tem “nada”, como Rogério Zandamela admitiu na Assembleia da República.

No ano em que a instituição iniciou as suas actividades o Banco de Moçambique reportou nas suas contas: “O aumento destes investimentos deve-se à participação na Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO) no valor de 156.689 milhares de meticais.”

Nessa altura a SIMO adquiriu o software a uma empresa portuguesa que no seu sítio na internet clama: “Entre 2010 a 2015 a SIBS em parceria com o processador interbancário local, implementou várias soluções que são o pilar do sistema de pagamentos Moçambicano.”

Esse alegado “pilar do sistema de pagamentos Moçambicano” que revelou-se ineficaz tendo no seu auge apenas conseguido conectar 5 mil cartões, pouco mais de duas dezenas de POS´s e uma dezena de ATM custou mais 156.689 milhares de meticais em 2012 e outros tantos em 2013 e 2014 num total de 625.568.000 de meticais, cerca de 20,8 milhões de dólares ao câmbio da altura.

Fontes ouvidas pelo @Verdade na explicaram que esse montante terá coberto não apenas os custos do sistema informático mas também equipamentos informáticos para a SIMO.

Em 2015, ano em que a Sociedade Interbancária de Moçambique iniciou a aquisição da InterBancos, na expectativa de comprar também o software que operava a rede na altura denominada Ponto 24, o BM inscreveu no seu Relatório e Contas 273.593.000 de meticais, quantia idêntica foi reportada em 2016.

No ano passado, para consumar a aquisição da InterBancos, o Banco de Moçambique pagou mais 645.410.000 de meticais. No entanto neste negócio com a InterBancos os bancos comerciais, que ficaram com a aura de salvadores dos moçambicanos por se terem juntado para pagar a chantagem da BizFirst, eram os proprietários da empresa que o Banco de Moçambique adquiriu por mais de 1,1 bilião de meticais, cerca de 24,4 milhões de dólares aos câmbios de então.

O @Verdade apurou que o maior beneficiário dessa negociata, que apenas serviu para drenar dinheiro dos moçambicanos, foi o Banco Comercial e de Investimentos que na altura detinha 57 por cento da InterBancos.

Paradoxalmente nenhum dos antigos responsável do Banco de Moçambique ou da SIMO envolvidos nas negociatas foi responsabilizado.



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