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quinta-feira, 26 de março de 2020

Mozal pagou zero a Moçambique em 2019

Foto de Adérito CaldeiraOs dividendos da Mozal para o Estado moçambicano voltaram a reduzir, desta vez para zero no exercício económico de 2019. Sem publicar contas auditadas em Moçambique o principal acionista da fundição de alumínio reporta queda de receitas e prejuízos no entanto o fornecedor da sua principal matéria-prima, uma empresa onde esse acionista também é maioritário, aumentou os lucros em 30 por cento.

O Relatório de Execução Orçamental de Janeiro a Dezembro de 2019 indica que as receitas de dividendos a Mozal, onde o Estado moçambicano é acionista com 3,9 por cento, reduziram novamente dos 181,9 milhões de 2018 para zero meticais.

O @Verdade contactou a fundição de alumínio para apurar as causas dessa redução contudo após 1 mês de espera a empresa não se dignou a responder.

Analisando as contas auditadas do seu principal acionista, a South32 que detém 47,1 por cento do capital, o @Verdade descortinou que a Mozal obteve receitas de 556 milhões de dólares norte-americanos, uma redução comparativamente aos 629 obtidos em 2018, e reporta um prejuízo de 12 milhões de dólares justificado pelo aumento dos custos de produção, que representam 49 por cento dos custos totais, e pela diminuição dos custos de venda do alumínio.

Paradoxalmente a alumina, a sua principal matéria-prima, é importada da Austrália da fundição Worsley, onde a South32 detém 86 por cento do seu capital social, e essa empresa obteve lucros de 541 milhões de dólares no exercício económico passado.

O @Verdade apurou que pode estar a ser feita uma operação financeira transferência de preços, comum entre os megaprojectos que tem como fornecedores outras empresas onde são subsidiárias ou do mesmo grupo, como forma de gerar menos ganhos em Moçambique e obter mais lucro noutros países onde seja mais rentável para o conglomerado South32.

Com isenções de Imposto sobre o Valor Acrescentado(IVA), contribuição Industrial, Contribuição Predial urbana assim como do imposto sobre a sua produção(Royalties) os poucos funcionários moçambicanos que trabalham na Mozal pagaram em 2019 mais impostos do que a própria empresa.



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