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sábado, 30 de junho de 2012

Diário de um sociólogo: A carne dos outros (8)

Diário de um sociólogo
thumbnail A carne dos outros (8)
Jun 30th 2012, 22:55

Oitavo número da série, com tema referido aqui, mantendo-me no ponto três do sumário sugerido aqui: 3. Os fumos de Figueira de Almeida. Os fumos eram eleitos entre os que mais posses tinham localmente. O seu reinado durava enquanto tivessem com que gastar com a comunidade. Eram obrigados a tudo gastar: comida, pombe, jóias, tecidos, etc. Quando nada mais lhes restasse, eram distituídos e passavam a pertencer ao grupo dos grandes por mérito, com direito ao uso de um chapéu de palha e de um bordão.
Fonte: Almeida, Francisco Figueira de, Carta q Franc.co Figr.ª de Almeida, Capitam de Sena, esvreeuo ao Governador Dom Nunes de Alues, dando lhe conta do q hia obrando, acerca da guerra, in Gomes, Antonio, Viagem q fez o Padre Ant.º Gomes, da Comp.ª de Jesus, ao Imperio de de (sic) Manomotapa: e assistencia q fez nas ditas terras de Alg´us annos (séc. XVII) 3, 1959, separata, p. 205.
Pequena nota: imaginai se a história se repetisse e se os chefes actuais, certamente de bem mais posses que os fumos, fossem obrigados a inscrever-se na regras seiscentistas das antigas muzindas.
(continua)
* Entretanto, recorde a minha série em 14 números intitulada Ionge: populares acusam autoridades de prender a chuva no céu, aqui. Para um excelente livro em francês que estabelece uma relação entre a percepções populares, feitiçaria, política e enriquecimento, consulte Geschere, Peter, Sorcellerie et politique, la viande des autres en Afrique. Paris: Karthala, 1995.

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