Samaritanas pessoas não vão a uma comunidade rural sem levar na caixa de ferramentas um ficheiro étnico, um rótulo de atraso e uma mão de pai ou de mãe providencial: com o primeiro orientam-se nas veredas das chamadas especificidades, com o segundo distribuem a modernidade e com a terceira fornecem receitas de primeiros socorros. Se acontece escreverem um relatório, o que é de regra, limitam-se a escrever sobre o que, afinal, já "sabiam". É assim que muitos projectos se limitam a ser confirmados. Mas - acontece - já nem sequer se vai ao campo. Eis o universo de certas pesquisas alcatifadas. Grandes dissertações com a pretensão de terem um rosto nacional nascem em solenes seminários realizados em luxuosos hotéis e tomam depois corpo no aconchego dos gabinetes e dos computadores urbanos. O verdadeiro trabalho de campo tornou-se obsoleto por desnecessário.
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