Os Aeroportos de Moçambique(AdM), como forma de evitar a situação de falência em que se encontravam no último exercício económico reavaliaram contabilisticamente os seus activos para equilibrar os capitais próprios da sociedade. Outra medida de saneamento em curso é a privatização da gestão do deficitário aeroporto de Nacala que deve avançar antes do término de 2017.
A 31 de Dezembro de 2015 os AdM acumulavam prejuízos de 3.087.307.727 meticais e possuíam activos circulantes de somente 1.784.597.383 meticais. Uma situação que, de acordo com o auditor independente às suas contas, colocava a empresa perante uma situação de falência técnica. De acordo com a Ernst & Young era imperativo implementar medidas para que a empresa não fosse dissolvida.
Devido a crise económica e financeira que o País vive o accionista da empresa, o Estado, não dispõe de dinheiro para reintegrar o património em media igual ao valor do capital e por isso foi necessário realizar uma operação contabilística para sanar a situação. “A reavaliação do activos da empresa fará com que os bens tenham o valor actual de mercado e isso vai permitir que os capitais próprios voltem a ter o valor necessário para que a empresa se mantenha” explicou Saíde Júnior, director financeiro dos Aeroportos de Moçambique, ao @Verdade.
Saíde Júnior acrescentou que “o que está a corroer os capitais próprios da empresa também é um resultado contabilístico, que são as diferenças cambiais desfavoráveis não realizadas. A empresa teve um lucro operacional, mas como a empresa teve muitos financiamentos em moeda estrangeira, em dólar(norte-americano), é obrigada anualmente a expressar o valor dos financiamentos em moeda nacional. Alguns dos empréstimos estão em pagamento mas o que faz com que a diferença cambial seja desfavorável é a dívida”.
As dívidas que o director financeiro dos Aeroportos de Moçambique se refere totaliza cerca de 352,9 milhões de dólares norte-americanos (cerca de 25,4 biliões de meticais ao câmbio médio de 72 meticais por dólar).
Uma parte significativa dessas dívidas, cerca de 255 milhões de dólares norte-americanos, foram contraídas com Garantias do Estado. “Os empréstimos que tiveram carta de conforto do Governo são aqueles que faziam parte dos planos Quinquenais, por exemplo o aeroporto de Nacala esse teve garantia do Estado”, aclarou Saíde Júnior.
Edificou a obra megalómana a construtora brasileira Odebrecht que recentemente admitiu, num acordo de leniência com o departamento de Justiça dos Estados Unidos da América, ter pago subornos a funcionários de Governo de Moçambique entre 2011 e 2014, período que decorreu a obra que inicialmente orçada em 90 milhões de dólares norte-americanos (80 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico do Brasil e o restante pelo Standard Bank), mas acabou por custar 216,5 milhões de dólares.
“O aeroporto de Nacala ainda está a operar muito abaixo da sua capacidade, continua a ser deficitário mas há um conjunto de acções que o Governo, através de várias reuniões que a empresa Aeroportos e o IGEPE tem vindo a manter, para tornar o colocar a operar na sua máxima capacidade e nós já apresentamos e já foi aprovado”, reconheceu o director financeiro em entrevista ao @Verdade.
O @Verdade visitou a infra-estrutura, em Dezembro passado, e apurou que recebe apenas três voos semanais das Linhas Aéreas de Moçambique, embora há cerca de um ano tenha sido certificado para receber conexões aéreas internacionais.
De acordo com Saíde Júnior a solução aprovada pelo Conselho de Ministros para rentabilizar o aeroporto de Nacala “é privatizar a gestão”. “Vamos entregar a gestão de todo aeroporto excepto a gestão do controlo do tráfego aéreo. Os termos de referência já foram elaborados, submetemos ao Ministério(dos Transportes e Comunicações) e estão a ser analisados, pensamos lançar o concurso internacional em Março do próximo ano e esperamos que até Novembro de 2017 o processa seja fechado e seja adjudicado”, precisou o gestor dos Aeroportos de Moçambique.
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