Os emojis estão de parabéns: fazem 18 anos. Os primeiros foram criados no Japão em 1999 por Shigetaka Kurita, um engenheiro de software, e são provavelmente o bem mais exportado do país. É que cerca de seis mil milhões de emojis são enviados diariamente, com mais de 90% da comunidade online a utilizá-los com regularidade. Isto pode querer dizer que são a quase-linguagem mais utilizada no mundo online, de acordo com o The Guardian.
Hoje são oficialmente considerados arte pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (pelo menos, os 176 originais) e são expostos ao lado de nomes como Pablo Picasso e Jackson Pollock.
Nos anos 90, Kurita começou a trabalhar para a operadora japonesa NTT DoCoMo, uma das maiores no país, e envolveu-se na criação do primeiro browser de telemóvel. Dadas as limitações criativas a que os ecrãs da altura obrigavam, Kurita decidiu criar pictogramas para que a comunicação fosse mais eficaz – numa grelha de 12 x 12 píxeis.
Esta ideia foi o alicerce de uma revolução linguística, visual e tecnológica. É certo que em 1999 poucos eram os que tinham um telemóvel capaz de sequer reproduzir cores num ecrã — quanto mais bonecos. Mas a estandardização dos modelos móveis e a sua consequente evolução permitiram que se tornassem clássicos da juventude de muitas gerações.
Em Moçambique, e nos tempos em que “Messenger” não dizia respeito a uma ferramenta do Facebook mas sim a um programa do sistema operativo Windows por defeito, os emoticons revolucionaram a forma como uma geração começou a comunicar virtualmente.
Esse fenómeno integrou os sistemas operativos móveis em menos de uma década e hoje, 18 anos depois da sua criação, são cerca de 2000 e estão em todo o lado.
É certo que o Windows Live Messenger conheceu o seu fim em 2012 e, com ele, morreram os míticos emoticons, numa altura em que a maior parte dos utilizadores online já comunicava essencialmente pelo então denominado “chat do Facebook”.
A rede social percebeu cedo que os emoticons eram parte essencial das conversas trocadas online e desenvolveu as suas próprias versões.
São ou não uma linguagem?
O que faz do português, espanhol ou inglês uma linguagem é a presença de dois factores: palavras e regras. E é a junção natural (mas estruturada) destas duas que nos permite expressar ideias — subtis ou complexas. Comparada com o português (que tem cerca de 390 mil vocábulos), a “linguagem” emoji é muito limitada (com menos de 2000 símbolos).
Isso não impediu os Dicionários Oxford de elegerem um emoji com lágrimas de tanto rir como “A Palavra do Ano” em 2015.
O potencial problema dos emojis é a dificuldade que apresentam para expressar ideias abstratas através de símbolos. Sorrisos, beijos, gatinhos e até beringelas são uma coisa — mas será possível arranjar um emoji que represente expressões com significados muito mais complexos, como “feminismo” ou “saudade”?
Então, se os emojis não são uma linguagem, para que servem?
Alguns podem alegar que são parte de um processo de estupidificação, e que simbolizam os tempos da iliteracia generalizada. Contudo, essa ideia subestima o potencial de símbolos como os emojis numa comunicação cada vez mais digital.
Afinal de contas, os emojis originais de Kurita foram feitos com base nos símbolos da meteorologia e nos sinais espalhados por Tóquio, daí que têm uma vertente fundamentalmente comunicativa e, especialmente, uma vertente de utilidade.
Seja como for, já todos os usámos e, muito provavelmente, há poucos minutos.
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