Três indivíduos encontram-se a contas com a Polícia da República de Moçambique (PRM), desde quarta-feira (10), na cidade de Maputo, incriminados de envolvimento no assassinato de um agente económico identificado pelo nome de Samuel Jacinto Sambo, no distrito de Chibuto, província de Gaza, e tentativa de se apoderar do dinheiro da vítima, recorrendo ao seu Bilhete de Identidade (BI), mas com a fotografia falsificada.
Trata-se de J. Tivane, que se identificou como empreiteiro, E. Macamo, técnico aduaneiro, e M. Beca, funcionário bancário. Nenhum deles assume a autoria do crime de que são acusados e alegam que foram “usados”.
Segundo as autoridades policiais, o malogrado tinha fixado residência na capital do país, disse Paulo Nazaré, porta-voz do Comando da PRM em Maputo, e avançou que os indiciados tentaram efectuar um levantamento de 110 mil meticais na conta bancária do malogrado.
A foto usada para tentar ludibriar o banco pertence a um dos membros da gangue, por sinal J. Tivane, de 59 anos de idade.
O grupo é composto por cinco elementos, dos quais dois, considerados cabecilhas, ainda estão a monte. A corporação disse que já tem pistas com vista à sua detenção.
Há igualmente uma mulher da qual a Polícia fala superficialmente, mas que, segundo um dos suspeitos, é namorada de um dos cidadãos procurados pelos agentes da Lei e Ordem.
A ligação entre os detidos não é casual: M. Beca e E. Macamo são vizinhos e este último tem conexões de negócios com T. Tivane, há anos.
O plano para se levantar o dinheiro do malogrado era traçado por todos elementos do grupo, incluindo os foragidos, em Maputo e na Matola, conforme explanou o funcionário bancário.
Na reconstituição do factos que levaram à sua detenção, T. Tivane alegou que foi enganado por distração e tudo começou de uma conversa “com o senhor Macamo”, o qual lhe pediu uma fotografia e conta bancária de uma empresa.
Na altura, Tivane se preocupou em saber qual era a finalidade de tudo isso porque alegadamente precisava, de forma desesperada, de fundos para terminar a sua casa. “Não me disseram quanto é que eu ia ganhar, nem sabia que houve morte (...)”.
Para concretizar a operação, cinco acusados pela Polícia mantiveram vários encontros de concertação em Maputo e na Matola. “Eles disseram-me que o dinheiro era limpo” e pertencia a um cidadão, supostamente sócio deles, mas que na altura não se encontra em Moçambique.
Tivane recebeu uma cópia do BI com a sua fotografia, porém, com os dados reais do finado e foi instruído para se fazer ao banco onde M. Beca trabalhava, no sentido de buscar o dinheiro em questão mas o plano falhou em consequência de terem sido detectados erros.
Noutro dia, houve uma segunda tentativa num balcão sito no bairro de Xipamanine e, novamente, Tivane foi usado como testa de ferro, enquanto os seus presumíveis comparsas aguardavam do lado de fora, acompanhando todos os movimentos. “Entrei no banco, já tinha um modelo preenchido e assinado”, mas mesmo assim o plano voltou a fracassar. “Aproximei-me ao balcão para saber o que é que estava a faltar. Mandaram-me aguardar”, de novo por muito tempo.
O que parecia um esquema desenhando meticulosamente veio a revelar-se um autêntico fracasso, apesar de contar com o funcionário do banco. Os planos começaram a ruir quando em vez de se transferir o dinheiro para um conta, optaram em efectuar um levantamento no balcão.
Depois de horas a fio à espera, em vez de o dinheiro ser desembolsado, Tivane foi interpelado por três agentes da Polícia e forçado a acompanhá-los até à esquadra para explicar como é que teve acesso ao BI de uma pessoa que não conhece e, sobretudo, assassinada.
Durante o interrogatório, ele mencionou os seus aliados, começando por E. Macamo. Estes narrou que também foi contactado por um amigo, de nome Merces Beca. “Ele ligou para mim a perguntar: Macamo, a tua empresa ainda está operacional. Eu disse que sim” mas não podia ser usado para os fins solicitados porque era conjunta.
“Dois dias depois aparece o senhor Tivane com um cheque a pedir para agiotar porque precisava de dinheiro”, pois tinha uma obra de construção por concluir.
“Perguntei a quantas ia a empresa dele, lhe expliquei que havia gente interessada em transferir dinheiro para a conta de uma empresa ele aceitou”, explicou-se Macamo, argumentando que a parte do BI falso “só ele [Tivane] pode explicar. Eu não sabia” que o dinheiro que seria movimentado ilegalmente era duma pessoa assassinada.
Por sua vez, M. Beca contou: “há duas ou três semanas, apareceram dois jovens no balcão onde trabalho. Eu não conhecia a eles (...)”. Todavia, a relação entre eles desenvolveu-se quando, dos referidos indivíduos, um alegou que tinha perdido o cartão de crédito e o outro disse que o seu tinha expirado o prazo.
“Eles perguntaram se eu não podia facilitar porque a agência estava cheia. Preencheram os impressos e disseram que iriam me dar dinheiro de almoço (...). Tratei os cartões deles e deram-me 400 meticais (...)”.
Trocou-se os contactos telefónicos e, volvidos três dias, voltaram a comunicar-se. Ficaram mais próximos uns dos outros e cada um foi contando o que fazia na vida. Os dois cidadãos foragidos, segundo Beca, “apresentaram-se como empresários do distrito de Chibuto. Disseram que tinham 50 cabeças de gado mas só restaram 30 (...)”.
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