Não sei se assim sempre foi, mas o que me tem constado é que vivemos num mundo onde as circunstâncias subjectivas determinam as palavras e as acções de cada indivíduo, e com isso fomos e continuamos sendo impelidos a nutrir certa desconfiança por cada dinamismo com o qual dada realidade se nos apresenta. Feliz ou infelizmente, por não ter sido excluído do mundo em causa, a minha consciência me tem obrigado a desconfiar, de uma forma geral, das acções de indivíduos que fazem parte do dia-a-dia da sociedade na qual vivo.
Nos últimos meses tenho visto um Presidente da República muito interventivo, interessado em mostrar trabalho, e, sobretudo em solucionar os principais problemas que apoquentam a nação. É o caso, por exemplo, das suas visitas aos ministérios, do novo modelo de diálogo político com o líder da Renamo, dentre outros que pessoas mais inteiradas do assunto podem citar.
As acções acima aludidas têm sido acompanhadas por palavras, como seria de se esperar. O que quebra a normalidade nesta fase de alto protagonismo do Presidente da República têm sido as duras críticas lançadas aos ministérios e as demais instituições visitadas, e as "indirectas" publicamente dirigidas pelo Chefe de Estado a sei lá quem.
Já dizia o ditado popular "quando a esmola é demais, o santo desconfia". Por isso, não olhem com crítica acérrima esta minha pobre inquietação quanto a este excelente protagonismo do Nyusi. Será que estamos perante um Presidente da República que se deu conta de que o mandato está no fim e ainda não resolveu os principais problemas da nação? Ou estamos perante um político que se deu conta que as eleições se aproximam e algo precisa ser feito para maximizar os resultados eleitorias em seu favor e do seu partido?
Caso se trate de um Presidente da República realmente interessado em resolver os problemas da nação, bem haja! Contudo, caso se trate de outra motivação, é de lamentar e dizer que esse estado das coisas só nos empobrece ainda mais e descredibiliza cada vez mais o nosso sistema político, o que se pode provar com análises reais ao alto índice de abstenção que caracteriza as eleições.
Por Miguel Luís
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