Desde há algum tempo, os moçambicanos têm se mostrado bastante inquietos relativamente às dívidas ilegalmente contraídas sem o aval do Estado que, posteriormente, foram transformadas em dívidas públicas pelos insensíveis de costume: a Frelimo. A maior preocupação do povo moçambicano é que sejam responsabilizados os indivíduos envolvidos nesta que é considerada uma das maiores trapaças da história de Moçambique.
Devido à dimensão da situação, não restam sombras de dúvidas que os arquitectos desse roubo que colocou a população no pior aperto financeiro de sempre devem ser severamente punidos. É o papel e a obrigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) desenvolver iniciativas para que isso aconteça. Mas, de algum tempo para cá, temos vindo a assistir a uma PGR bastante politizada, sem agenda e, acima de tudo, bajuladora do partido Frelimo.
Só para se ter uma ideia, desde que foram descobertas as dívidas ilegais, tem circulado inúmeros documentos supostamente falsos, sobretudo nas redes sociais, relacionadas com as dívidas. Foram postas a circular a suposta lista de individualidades sobre quem a PGR pediu o levantamento do sigilo bancário e um ofício da PGR no qual a Procuradora-Geral da República agradecia a Embaixada da Suécia pelo apoio financeiro à auditoria. Nos referidos documentos aponta- -se o nome do Presidente da República, Filipe Nyusi.
O mais caricato nessa situação toda é que a PGR, uma instituição que se devia ocupar de assuntos que efectivamente preocupam sobremaneira os moçambicanos como, por exemplo, o pagamento das dívidas ilegais e inconstitucionais da EMATUM, Proindicus e MAM, tem estado a empreender esforços para desmentir estes supostos boatos. Primeiro, em comunidado, decidiu condenar o acto que apelido de “manchar o nome do Chefe de Estado” e, depois, numa outra situação, em alvoroço, convocou à Imprensa para informar que está em curso uma investigação com vista a identificação dos autores dos supostos documentos falsos.
Na verdade, todas essas acções não passam de um exercício vergonhoso de bajulação protagonizada pela Procuradoria- -Geral da República, pois o país enfrenta situações sérias que merecem tempo e atenção da PGR. A título de exemplo, a corrupção que se enraíza e ganha o rosto de normalidade nas instituições públicas, aos assassinatos e sequestros que acontecem sob o olhar impávido e sereno das autoridades policiais, o enriquecimento ilícito, entre outros crimes, têm estado a ganhar espaço.
Porém, diante de toda esta situação anómala que tira o sono aos moçambicanos, os nossos digníssimos servidores públicos optam, deliberadamente, procurar nas redes sociais se foi ou não manchado o “bom” nome de uma figura que é por todos sabido que é um dos arquitectos das dívidas ilegais. Portanto, a imagem que a PGR tem estado a passar é de que se trata de uma Procuradoria dos interesses dos governantes e da Frelimo, contra os interesses da República.
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