O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu na quinta-feira realizar um referendo sobre a nova Constituição que propôs para tentar conter dois meses de manifestações anti-governo e a instabilidade no país, que mataram pelo menos 62 pessoas.
A promessa do presidente veio a público depois de críticas de opositores e algumas de dentro de seu próprio governo, segundo as quais seu plano para criar uma Assembleia Constituinte para reescrever a Carta Magna é antidemocrático.
A Procuradora-Geral da Venezuela, Luisa Ortega, disse que criar tal organismo sem um plebiscito, como aconteceu em 1999, quando o antecessor de Maduro, Hugo Chávez, reescreveu a Constituição, ameaçava "eliminar" a democracia na nação Maduro disse na televisão estatal: "Irei propô-lo explicitamente: a nova Constituição terá um referendo de consulta, então é o povo quem diz se está de acordo ou não com a nova e fortalecida Constituição".
Não houve reação imediata da oposição venezuelana, que hoje conta com apoio majoritário depois de anos à sombra do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), cuja popularidade despencou em meio à crise económica brutal.
Os opositores devem tentar transformar qualquer referendo em uma votação sobre o próprio Maduro, e vêm clamando para que a próxima eleição presidencial, marcada para o final de 2018, seja antecipada.
O Governo disse que eleições para a nova Assembleia Constituinte serão realizadas no final de julho, mas líderes da oposição afirmaram que o processo foi distorcido para garantir uma maioria pró-Maduro. Não se informou quando o plebiscito será realizado.
Mais cedo, autoridades anunciaram que homens armados mataram um juiz envolvido na atribuição da pena do líder político preso mais conhecido da Venezuela, Leopoldo López.
O juiz Nelson Moncada, de 37 anos, foi baleado e seus pertences foram levados quando ele tentou fugir de uma barricada de rua na noite de quarta-feira no bairro de El Paraiso, em Caracas, cenário de confrontos frequentes, informou a Procuradoria.
Nesta semana ocorreram episódios de violência generalizados na capital venezuelana. Em diversas ocasiões forças de segurança dispersaram protestos de apoiantes da oposição que marchavam rumo a escritórios governamentais no centro, e os confrontos se estenderam noite adentro.
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