Em Angola o dia 23 de Agosto de 2017 marca o princípio do fim do reinado de José Eduardo dos Santos. As terceiras eleições desde o fim da guerra não terão a participação directa do actual Presidente que se afasta da primeira linha do poder. Para o suceder foi escolhido João Lourenço que se tornará, com quase toda a certeza, o novo Presidente de Angola.
Nas ruas de Luanda, a esperança é constante. A crise económica e financeira dos últimos anos minou a forma como é visto Eduardo dos Santos e a sua família. Basta falar com as pessoas para perceber que exigem mudança. Será hoje?
“Se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude”, vaticinava Tancredi, personagem do Gattopardo, obra de Tomasi de Lampedusa que relata a vida da decadente aristocracia italiana ameaçada pelo surgimento das ideias republicanas.
Luanda também está decadente, mas não a sua aristocracia que cresceu à sombra da ‘eduardização’ da economia e do poder. A riqueza controlada pela família do ainda Presidente está para além do que se possa imaginar. Mas a saída de ‘Zedu’ do poder parece ter sido preparada ao pormenor de forma a haver garantias de que ele e os seus mantêm a sua esfera de influência.
Nesta quarta-feira mais de 9 milhões de eleitores vão às urnas escolher João Lourenço, que juntamente com a sua mulher Ana Lourenço terão a ingrata tarefa de tentar mudar um país controlado pelos ‘dos Santos’.
Há quem vaticine que a mudança “será um processo de ajustes, confuso e feio”. O diretor do programa para África do think tank Chatham House, Alex Vine, defendeu ainda, numa entrevista recente ao Público, que as alterações serão contudo “graduais, de forma a não ameaçar José Eduardo dos Santos”.
Está prevista a existência de pelo menos 200 observadores internacionais nestas eleições mas desconhece-se em que condições poderão fazer o seu trabalho.
A estas eleições concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA), o Partido de Renovação Social (PRS), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
A campanha encerrou na segunda feira com os principais candidatos a encherem Luanda de apoiantes: João Lourenço (MPLA), Abel Chivukuvuku (CASA) e Isaías Samakuva (UNITA).
Com a certeza que Lourenço ganha, a grande incógnita é saber se Chivukuvuku consegue ter mais votos do que a UNITA.
A Constituição angolana estabelece que as eleições gerais se realizam a cada cinco anos elegendo 220 deputados. O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo.
* Adaptado do jornal Expresso de Portugal
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