Mais de 18 mil muçulmanos rohingya, muitos doentes e alguns com ferimentos de bala, fugiram dos piores incidentes de violência nos últimos anos no noroeste de Mianmar, e mais milhares estão retidos na fronteira com Bangladesh ou se esforçando para alcançá-la.
A série de ataques coordenados cometidos por insurgentes rohingya contra forças de segurança em Rakhine, Estado do norte de Mianmar, na sexta-feira, e confrontos posteriores desencadearam o êxodo dos rohingya, enquanto o governo retirou milhares de budistas de Rakhine.
Desde os ataques, cerca de 18.445 rohingya --na maioria mulheres e crianças-- se registraram em Bangladesh, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM) nesta quarta-feira. “Eles estão em uma condição muito, muito desesperadora”, disse Sanjukta Sahany, que dirige o escritório da OIM em Cox’s Bazar, cidade do sul próxima da fronteira.
“As maiores necessidades são de alimentos, serviços de saúde e eles precisam de abrigo. Eles precisam ao menos de alguma cobertura, um teto sobre suas cabeças”. Sahany disse que muitos atravessaram a divisa “com ferimentos de bala e queimaduras” e que os agentes humanitários relataram que alguns refugiados “estavam com o olhar vazio” quando foram entrevistados.
“As pessoas estão traumatizadas, o que é bem visível”. A Organização das Nações Unidas (ONU), embora tenha condenado os ataques militantes, está pressionando Mianmar a proteger as vidas dos civis sem discriminação e apelou para que Bangladesh acolha os fugitivos da contra ofensiva militar.
Pelo menos 109 pessoas foram mortas nos confrontos com insurgentes, diz Mianmar, a maioria militantes, mas também membros das forças de segurança e civis. O tratamento dos cerca de 1,1 milhão de muçulmanos rohingya em Mianmar é o maior desafio enfrentado pela líder nacional Aung San Suu Kyi, que vem sendo acusada por críticos ocidentais de não se posicionar a respeito de uma minoria que vem se queixando de perseguição há tempos.
Os rohingya não têm direito a cidadania em Mianmar e são vistos como imigrantes ilegais, apesar de reivindicarem raízes de séculos no país.
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