No passado dia 12, enquanto o Presidente da República inaugurava a V Feira Internacional do Turismo e afirmava que “Temos um País maravilhoso pela sua beleza natural, o que nos permite receber visitantes de todo o mundo”, as Linhas Aéreas de Moçambique(LAM) anunciavam que, “devido a limitação da sua frota, ora em processo de substituição, foi forçada a cancelar os voos para Inhambane e Vilankulo”, quiçá os mais vibrantes destinos turísticos do nosso País. É com incompetências destas e estatísticas alucinadas, de viajantes que nunca cá estiveram ou empregos que não existem, que se vai fazendo do Turismo uma das quatro áreas catalisadoras do desenvolvimento socioeconómico da “Pérola do Índico”.
“Temos um país maravilhoso pela sua beleza natural, o que nos permite receber visitantes de todo o mundo para compartilhar e desfrutar o que Moçambique possui” augurava o Chefe de Estado durante a inauguração da Feira Internacional do Turismo, organizada pelo Instituto Nacional do Turismo (INATUR), na passada quinta-feira(12).
Mas se é cada vez mais fácil os turistas chegarem ao nosso País, pelos cada vez mais voos de diferentes companhias aéreas que voam para Maputo, e a entrada tornou-se facilitada com reintrodução do visto turístico de fronteira o facto é que viajar dentro de Moçambique continua a ser muito caro e um desafio a paciência do mais calmo cidadão.
E por um infeliz acaso enquanto a Feira do Turismo iniciava na capital a companhia aérea de bandeira nacional informava “aos estimados Clientes e Público em geral que, devido a limitação da sua frota, ora em processo de substituição, foi forçada a cancelar os voos para Inhambane e Vilankulo, destinos estes que requerem aeronaves com características apropriadas, devido às restrições das pistas”.
“Enquanto não chegam as aeronaves que irão substituir as anteriores, a LAM está a desenvolver esforços junto dos seus parceiros no sentido de obter aeronaves alternativas, pelo que os passageiros serão contactados para que possam confirmar os seus voos, em novas datas” referia um comunicado da empresa que ainda acrescentava que “Devido a complexidade do processo de substituição de aeronaves, os voos para Chimoio poderão sofrer restrições e reprogramações horárias”.
Estratégia de marketing incapaz de colocar Moçambique na media internacional
Portanto na véspera de um fim-de-semana dois dos locais turísticos de maior procura no nosso País ficaram sem conexão aéreas a partir da porta de entrada de Moçambique. A única alternativa para voar para Vilanculo era a partir da cidade sul-africana de Joannesburgo.
Alguns operadores turísticos sedeados na província de Inhambane confidenciaram ao @Verdade que viram perto de uma centena de reservas ser canceladas devido a este “limitação” das LAM.
“Perdi alguns milhares de dólares nesta época que é fraca, quem vai compensar-me” desabafou um dos operadores turísticos que pediu para não ser identificado mas que relatou os momentos menos bons que a actividade vai enfrentando, “só as nossas belas praias não chegam. Temos de ser guias turísticos, técnicos de energia e logística, professores e no fim do mês ainda nos vêm cá cobrar impostos e taxas”.
Embora Moçambique tenha eleito o Turismo como um dos sectores para a diversificação da Economia a verdade é que o sector atravessa um dos seus períodos mais conturbados e não está apenas relacionado com a crise que o País vive.
O operadores são unânimes em afirmar que não viram nem metade dos 1,7 milhão de turistas que se insiste que visitaram Moçambique no ano de 2016. Aliás o ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, reconheceu em Março passado que as estatísticas sobre o número de turistas estrangeiros que têm visitado Moçambique não são verdadeiras, “quanto ao número de turistas a estatística que nós temos não é verdadeira, nós reconhecemos isso”.
Na província de Inhambane o sector tem visto a actividade minguar desde há pelo menos 3 anos. Claro que o Turismo de elevado padrão, cujos clientes chegam a em jactos privados para as ilhas, continua pujante, mas representa uma fracção pequena para o potencial que Moçambique possui.
Mas as trapalhadas estendem até na divulgação de Moçambique como destino turístico. Recentemente o Executivo aprovou mais uma estratégia de marketing que não é conhecida e nem se vê a sua veiculação. Se anunciar nos grandes veículos de media mundiais esbarra na eterna falta de dinheiro o @Verdade pode constatar em viagens recentes que sequer existe um anuncio ou artigo sobre Moçambique nas revistas de bordo de qualquer uma das companhias aéreas que voam para o nosso País. Em contrapartida os Países vizinhos, que são nosso concorrentes, enchem páginas mostrando as suas belezas que os moçambicanos acreditam terem bem mais bonitos destinos, só que poucos os conhecem!
Ligação aérea restabelecida por aeronave Q 300
Entrevistado pelo @Verdade António Pinto, o Presidente da Comissão Executiva das LAM, explicou nesta quarta-feira(18) os motivos que levaram a suspensão da operação na rota Maputo/Inhambane/Vilanculo.
“Nós tínhamos um contrato de leasing, acabou o contrato. Quando acaba o contrato a aeronave volta. Nós sabíamos que a aeronave ia voltar, naquela fase alugamos uma só que o processo da certificação da navegabilidade de uma aeronave sul-africana para aqui atrasou. Como atrasou esta nossa saiu e estivemos três dias parados”, esclareceu António Pinto ao @Verdade precisando que os voos foram retomados desde segunda-feira(16) usando agora numa aeronave Bombardier Q 300 em substituição da anterior da mesma marca mas de modelo Q 400.
Recorde-se que as aeronaves Q 400 foram inicialmente adquiridas pelas Linhas Aéreas de Moçambique em 2008 mas que terão sido vendidas para posteriormente iniciar-se o processo de leasing, numa operação financeira que estava a ser investigada pelo Gabinete Central de Combate à Corrupção.
No recente concurso de atribuição de rotas aéreas domésticas o Instituto da Aviação Civil apurou para operar as 20 rotas para Inhambane e Vilanculo, além das LAM e da sua subsidiária MEX, a Ethiopian Airlines.
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