Honduras entrou no quinto dia de um limbo político nesta sexta-feira, devido a uma contagem de votos muito atrasada que vem provocando tensão em paralelo com acusações oposicionistas de fraude eleitoral, e ainda pode levar mais dois dias para produzir um vencedor.
É cada vez maior a preocupação internacional com a crise eleitoral no país pobre da América Central, que também sofre com a pobreza, cartéis de droga e um dos maiores índices de homicídio do mundo.
O presidente Juan Orlando Hernández começou a ampliar uma vantagem frágil sobre o rival Salvador Nasralla na quinta-feira – até então a contagem favorecia Nasralla –, mantendo uma reversão na tendência que começou após uma pausa de 36 horas que adiou o processo na segunda-feira.
Até então, o apresentador de televisão Nasralla tinha uma dianteira de cinco pontos com mais da metade das urnas apuradas, e a mudança súbita a favor de Hernández após a retomada da apuração provocou choques entre a polícia e manifestantes, ferindo pelo menos 11 pessoas.
Mais tarde na quinta-feira, David Matamoros, principal autoridade do tribunal eleitoral, ouviu apelos de observadores eleitorais internacionais e do principal grupo empresarial de Honduras e disse que o tribunal faria uma contagem manual das cerca de 1.031 urnas, ou cerca de 6 por cento do total, que continham irregularidades.
Esse novo apuramento deve ser finalizado em até dois dias e permitirá ao tribunal declarar um vencedor definitivo com 100 por cento dos votos computados, disse Matamoros. Com a contagem tradicional finalizada, Hernández, da sigla de centro-direita Partido Nacional, tinha uma vantagem de menos de 50 mil votos sobre seu adversário de centro.
Luis Larach, presidente do poderoso grupo de lobby COHEP, disse à Reuters que, dada a diferença mínima de 1,5 ponto percentual entre os candidatos, a contagem manual de urnas irregulares será crucial para a definição do vencedor. “Para mim, ainda está no ar”, opinou.
Tanto Hernández quanto Nasralla proclamaram vitória depois da eleição de domingo, e o segundo disse que não aceitará o resultado do tribunal por causa das dúvidas sobre o processo de contagem.
Nasralla, de 64 anos, lidera uma aliança de centro-esquerda e tem apoio do ex-presidente Manuel Zelaya, líder de esquerda deposto por um golpe em 2009 depois de propor um referendo de reeleição.
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