O Governador de Banco de Moçambique (BM) reiterou que a Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO) prefere implementar uma solução alternativa que não passe por retomar a parceria com a empresa portuguesa Business First Consulting (BizFirst), “o retorno à BizFirst não está em vista” declarou em Audição Parlamentar nesta terça-feira (20) tendo acrescentado que se a situação tivesse acontecido em Portugal “estariam praticamente todos presos”.
Sem estar indiferente ao drama que os moçambicanos estão a viver, e deverá piorar com o aproximar do fim do mês, o homem forte do banco central esclareceu aos deputados da Assembleia da República o quão inaceitável é aceder a chantagem que está a ser feita pela empresa portuguesa provedora de software da InterBancos.
“Eu ontem tive um encontro muito delicado com os colegas da Associação de Bancos e entre as soluções é pague a BizFirst, pague o que eles querem, estamos prontos para voltar. A minha resposta a isso foi meus senhores estamos abertos a conversar de todas as possíveis soluções menos essa de trabalhar com a BizFirst. Tudo sim podemos conversar, procuramos ver quais eram as melhores soluções no imediato, mas o retorno à BizFirst não está em vista” declarou Rogério Zandamela.
O Governador do BM explicou que “há interesses comerciais de alguns parceiros a puxarem para essa via, ou outros interesses”, em alusão ao Banco Comercial e de Investimentos que era o principal sócio da InterBancos empresa que de certa forma defraudou a SIMO.
“Começaram a dizer nós podemos arranjar o dinheiro e pagar. Eu expliquei o seguinte é isto não é assim não porque hoje uma coisa é suspeitar que alguém possa fazer alguma coisa outra a coisa é a gente ter a informação e o conhecimento de que são e podem fazer uma opção nuclear. Como é que se explica ao mundo e a sociedade que o sistema moçambicano financeiro e de pagamentos está nas mãos de uma empresa dessas? Não se pode, todo o mundo vai ver como um sistema instável que a qualquer momento vai a baixo! Então mesmo querendo não há espaço para isso principalmente com a certeza que nós hoje temos, não é uma coisa que estamos a pensar, é uma lição para nós todos”, afirmou Zandamela.
Se o apagão da rede tivesse acontecido em Portugal “estariam praticamente todos presos” Para o experiente economista, com décadas de serviço prestado ao Fundo Monetário Internacional, a atitude da BizFirst não é uma condição normal no tratamento de relações de negócios, “quando há disputa existem tribunais que decidem e deliberam em última instância onde está a razão, não se vai por chantagem e soluções do tipo nuclear de pôr um país e todo um sistema de joelhos”.
Zandamela revelou ter dito aos bancos comerciais um apagão como estamos a viver em Moçambique “não aconteceria em Portugal porque não se admitiria esse tipo de comportamentos, teria consequências graves, estariam praticamente todos presos, mas porque foi sobre nós, os proprietários estão fora do controle do país ficamos todos expostos a esta triste realidade”.
De acordo com o Governador do banco central: “A BizFirst é uma empresa sem expressão. É pequena, tem um capital de 250 mil euros, tem uma facturamento de pouco menos de 1 milhão de euros, novecentos e qualquer coisinha, tem lucros declarados em 2017 de pouco mais de 200 mil euros. Portanto estamos a falar de uma empresa pequena, pequeníssima no mercado internacional, praticamente sem experiência, sem expressão, esta é a empresa que nos criou este apagão, este ataque cibernético que hoje estamos a viver”.
Rogério Zandamela deixou claro que embora as decisões sobre a SIMO tenham acontecido antes de assumir o cargo de Governador o facto é que: “Não foi o banco de Moçambique que escolheu a BizFirst, ela já era parte do pacote InterBancos, não foi um pacote separado”. Paradoxalmente, “o único cliente da BizFirst éramos nós” declarou ainda Zandamela.
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