O Governo que não se manifesta quando o povo é atacado e decapitado em Cabo Delgado foi rápido a reagir após o primeiro ataque a um dos projectos de exploração de gás natural no Norte de Moçambique, “vai empenhar um conjunto de unidades das Forças de Defesa e Segurança para assegurar a protecção de todos os acampamentos e locais de trabalho das empresas petrolíferas e conexas” afirmou o ministro do Interior. O @Verdade sabe que a Anadarko, o alvo dos ataques na passada quinta-feira (21), suspendeu todas as suas actividades na região de Palma e Afungi.
Os desconhecidos que aterrorizam a província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017 continuam activos e mostrando que o discurso oficial de controle da situação não passa de retórica.
Na semana passada os alvos foram trabalhadores sub-contratados pela Anadarko para a construção dos vários empreendimentos que antecedem a instalação da sua fábrica de liquefação de gás natural. Um trabalhador moçambicano foi desmembrado e seis outros ficaram feridos. Os ataques da passada quinta-feira (21) foram os primeiros que visaram directamente as empresas envolvidas nos bilionários projectos de gás natural na bacia do Rovuma.
O @Verdade sabe que a Anadarko suspendeu as suas actividades naquela região, principalmente as obras da estrada entre a vila de Palma e a península de Afungi e da pista para a aterragem de aviões.
Já a prever esses ataque no início do mês a petrolífera norte-americana que lidera o consórcio que vai explorar a Área 1 anunciou a aquisição para Moçambique de pelo menos seis veículos de especificação B6, o penúltimo nível de blindagem para viaturas ligeiras com capacidade de suportar ataques de fuzis M16 ou Kalashnikov AK47 e até mesmo aguentar a detonação de até duas granadas de mão.
Além da Anadarko estão a desenvolver projectos de exploração de gás natural avaliados em dezenas de biliões de dólares norte-americnaos na província de Cabo Delgado a italiana Eni e a norte-americana ExxonMobil.
As autoridades policiais provinciais e centrais que há vários meses adoptaram a estratégia do silêncio sobre o que se passa em Cabo Delgado desta vez tiveram de aparecer publicamente a admitir que o controle que têm afirmado existir não é real.
“Ontem, dia 21 de Fevereiro de 2019, um grupo de malfeitores realizou uma incursão criminosa que incidiu sobre três aldeias, uma das quais Matapata, esta incursão ocorreu num intervalo de tempo das 16 até perto das 18 horas, coincidiu com um movimento de viaturas da empresa Anadarko que ao passar pela aldeia Matapata os malfeitores arremessaram contra uma viatura alguns disparos, que resultaram em ferimentos a dois técnicos da empresa Anadarko e ao nível da aldeia também registamos alguns danos em habitações e precisamente para aquela aldeia dois membros da comunidade”, começou por afirmar numa declaração à imprensa em Maputo o ministro do Interior que omitiu o assassinato e desmembramento de um trabalhador.
Jaime Basílio Monteiro, embora não admitindo explicitamente o descontrole da situação de terror que assola particularmente o Norte da província de Cabo Delgado, disse que o Governo “vai empenhar um conjunto de unidades das Forças de Defesa e Segurança para assegurar a protecção de todos os acampamentos e locais de trabalho das empresas petrolíferas e conexas”.
“Nós estamos determinados a tudo fazer para que uma acto idêntico a este não volte a acontecer nem naquele teatro e muito menos noutros” declarou o ministro do Interior acrescentando que “temos convicção que consolidaremos o ambiente de segurança não apenas nos acampamentos mas também nos locais de trabalho destas empresas e outras conexas”.
Entretanto durante o fim-de-semana relatos não confirmados oficialmente dão conta de três novos ataques. Um novo ataque aconteceu na aldeia de Matapata, no distrito de Palma, onde um cidadão foi morto a tiro e depois decapitado. Outro aconteceu na aldeia de Quelimane, próximo a fronteira com a Tanzania, onde mais dois cidadãos foram assassinados a tiro e posteriormente decapitados. Um terceiro ataque aconteceu em Mucujo onde pelo menos quatro pessoas foram feridas.
A província de Cabo Delgado é alvo, desde Outubro de 2017, de ataques de insurgentes jihadistas que são apelidados pelos locais de “Al Shabaab”, embora não tenham nenhuma ligação com o movimento homónimo da Somália, e que já causaram a morte de pelo menos três centenas de pessoas entre civis, militares e insurgentes.
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