Uma cidadã de 32 anos de idade está detida, na capital moçambicana, suspeita de aliciar e reunir adolescentes de 16 anos de idade na sua residência para a prostituição. Para concretizar os seus objectivos, a jovem drogava as vítimas mas ela negou, categoricamente, os actos que lhe são imputada.
A prisão da visada aconteceu no bairro de Mafalala, onde vive. Ela foi apresentada à imprensa, na manhã desta quarta-feira (27), na 12a. esquadra, pela Polícia da República de Moçambique (PRM).
Uma das crianças resgatadas na casa da acusada confirmou ter sido forçada a manter relações sexuais com dois homens, os quais pagaram cada um 300 meticais.
A menina, que se identificou pelo nome de M. Mariquel, 16 anos de idade, vive no bairro de Khongolote, município da Matola.
A adolescente alegou que conheceu a senhora por intermédio de uma amiga. “No primeiro dia em que fui à casa dela apenas conversamos (...). No segundo dia, ela quis que eu fosse à cama com um tio, mas neguei. Ela ofereceu-me um refresco e depois de tomá-lo adormeci”.
A menina disse que não sabe o que se passou enquanto dormia, mas o certo é que, no dia seguinte, A. Cossa obrigou as outras miúdas e a praticarem devassidão sexual com alguns homens que frequentavam a sua casa.
“Fiquei lá um mês até ser resgatada pela Polícia na segunda-feira (25). Ali fumava-se soruma e algumas pessoas injectavam-se”, explicou a adolescente que, segundo o seu tio, J. Mariquel, no ano passado perdeu o período de frequência escolar – vulgo PPF – na 8a. classe.
A dado momento da entrevista a jornalistas, a voz da menina enfraqueceu ao lembrar-se do tempo em que esteve sujeita a maus-tratos até ser resgatada. As lágrimas abundaram nos seus olhos, como sinal de dor, mas ela não conseguiu desprendê-las.
A. Cossa, admitiu que conhece a menina e errou ao oferecê-la abrigo e a suas amigas sem primeiro articular com a família delas e com a instituição que tem como função garantir a segurança e a ordem públicas e combater infracções à lei.
Porém, negou que tenha forçado a ela e as amigas a prostituírem-se. “É mentira. Nunca fiz isso. Para sobreviver faço tranças de cabelo. Ela não era a única na minha casa, havia outra menina que fugiu quando o pai disse que vinha buscá-la e eu não acolhia só meninas”.
Num outro diapasão, a mulher disse que só via M. Mariquel durante o dia na sua casa, supostamente porque “ela passava noites em casa do namorado”.
Por sua vez, J. Mariquel, 36 anos de idade, residente em Khongolote, começou por desmentir a própria sobrinha e a mulher indiciada, dizendo que elas mantêm contacto há muito tempo. De há tempos a esta parte, a menina, órfã de pais, não tem tido bom comportamento e desaparece de casa com frequência.
“Este assunto é antigo. No ano passado, descobri que a minha sobrinha vivia em casa daquela senhora [A. Cossa] e resgatei-a. O última sumiço dela foi há duas semanas e senhora que a prostituía era nossa vizinha na Mafalala. A minha sobrinha e as amigas eram drogadas e obrigadas a manter relações sexuais com várias pessoas”, contou o homem.
Leonel Muchina, porta-voz do Comando da PRM, em Maputo, disse que a indiciada recrutava meninas de 16 anos para exploração sexual. Ele assegurou que pelo menos quatro raparigas teriam sido vítimas.
A ofensora “coagia as miúdas a manterem cópula com indivíduos previamente seleccionados a troco de 300 meticais para o benefício próprio”, narrou o agente da lei e ordem, ajuntando que, para além das declarações da ofendida, houve denúncias de populares.
De acordo com o porta-voz da PRM, tudo leva a crer que a cidadã em causa está envolvida na prática de exploração sexual. Assim, o processo já foi lavrado e será remetido a outras instâncias para os devidos efeitos.
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