Pelo menos 74 pessoas morreram, milhares ficaram feridas no rescaldo preliminar da passagem do Ciclone tropical IDAI pelas províncias de Sofala e Manica onde se registam cheias que deixaram ilhadas um número ainda não apurado de pessoas. Sem energia eléctrica e água potável a cidade da Beira está isolada por terra do resto de Moçambique e não tem comunicações com o resto do mundo. “É coisa de Deus, aconteceu, mas nós temos que ser fortes para conseguirmos vencer (...) nós estamos aqui convosco e eu nem sequer durmo”, compartilhou o Presidente Filipe Nyusi após visitar Sofala e Zambézia.
O ciclone de categoria 4, o mais forte em mais de uma década, com ventos que chegaram aos 200 quilómetros por hora e precipitação de mais de 200 milímetros em 24 horas, entrou no continente pela cidade da Beira, a capital da província de Sofala, na noite de quinta-feira (14) onde os tectos a voar, as paredes que desabaram e as inundações mataram 55 pessoas e causaram um apagão eléctrico e de comunicações.
“Toda cidade ficou destruída, as árvores parecem que foram podadas, teremos que fazer um trabalho muito grande”, resumiu o Chefe de Estado após visitar aquela que é a segunda mais importante cidade de Moçambique e onde continuam inundados todos os bairros, existem centenas de árvores que tombaram, assim postes de energia e de comunicações foram arrancados.
Milhares de pessoas foram atendidas no Hospital Central da Beira que também não escapou a fúria do Ciclone e ficou com o bloco operatório destruído e várias enfermarias sem tecto.
No município do Dondo, também na província de Sofala, a força do IDAI matou pelo menos 13 pessoas, entre elas duas crianças que foram vitimadas pela queda das paredes das habitações onde se encontravam.
A província de Manica também sofreu com a forte chuva e ventos com rajadas originados pelo Ciclone IDAI que além de danos em diversas habitações e infra-estruturas pública causaram a morte de pelo menos seis pessoas.
“É coisa de Deus, aconteceu, mas nós temos que ser fortes para conseguirmos vencer. Quando isto passar vamo-nos organizar melhor e ver que apoio que vamos dar, mas nós estamos aqui convosco e eu nem sequer durmo”, disse o Presidente da República após visitar Sofala e Zambézia.
O ciclone tropical mais forte que antes havia atingido Moçambique foi o Jokwe, de categoria 3, quem em 2008 causou a morte de 17 pessoas nas províncias da Zambézia e Nampula.
Beira isolada do resto do país por estrada e cheias poderão aumentar no Búzi
Após sobrevoar a província de Sofala o Presidente Nyusi disse a jornalistas que “a água está a ser violenta, resta saber se o problema é só ciclone ou também alguma barragem ou alguma chuva que estão a vir do outro lado estão a inundar, o ciclone por si só não é motivo para aquelas enchentes que estão ali”.
Entretanto Agostinho Vilanculo, da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, explicou aos microfones da Rádio Moçambique que “a situação hidrológica na Região Centro de Moçambique, sobretudo nas Bacias do Búzi e Púnguè, os níveis são muito altos e ainda continuam a chover. Informação que obtivemos nas últimas 24 horas indica que no vizinho Zimbabwe choveu cerca de 600 milímetros em 24 horas, esta situação irá forçar Chicamba (a barragem que funciona no rio Revuè) a incrementos alto e possivelmente poderá abrir comportas e a situação poderá causar inundações muito altas sobretudo no distrito do Búzi”.
O facto é que a Estrada Nacional nº 6, que liga a cidade da Beira ao resto de Moçambique, está cortada em pelo menos quatro locais impossibilitando o tráfego rodoviário ou a assistência humanitária por essa via. Há relatos de pessoas que terão sido levadas pela força da água dos rios quando as viaturas onde se encontravam foram arrastadas.
Além disso a capital da província de Sofala continua sem energia eléctrica e sem telecomunicações. Há danos no Aeroporto Internacional assim como no Porto da Beira.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) previu que pelo menos 80 mil famílias (cerca de meio milhão de pessoas) iria ser afectada por esta calamidade natural e revelou ter um défice de 1,1 mil milhões de meticais para prestar a necessária assistência humanitária urgente, no entanto organizações humanitárias prejectam que mais de 1 milhão de moçambicanos terão sido atingidos pelo Ciclone IDAI.
Até ao passado dia 11 o INGC estava a prestar assistência humanitária a mais de 600 mil vítimas da época chuvosa normal e da insegurança alimentar devido a fraca precipitação e tinha um défice de aproximadamente 900 milhões de meticais para realizar as suas acções de emergência.
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