Na sequência das Decisões Finais de Investimento (DFI), para a exploração de gás natural na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, a taxa de juro, em vigor, poderá ser reduzida pelo Comité de Política Monetária, em finais deste mês, devendo ser, adicionalmente, reajustada em Dezembro próximo.
Esta tendência, segundo o economista chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, poderá ocorrer, igualmente, ao longo do próximo ano, com algum impacto positivo para a economia nacional.
O economista fez este pronunciamento à margem do Standard Bank Master Class, uma iniciativa da Incubadora de Negócios desta instituição financeira, ocorrida, recentemente, em Maputo, visando a capacitação e desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas (PME), por forma a beneficiarem das oportunidades que os projectos de Gás Natural Liquefeito (GNL) oferecem.
“Com o encaixe financeiro resultante das DFI, existem vários tipos de impactos que podemos esperar no País. O primeiro seria de alguma estabilidade cambial. Moçambique depende muito de importações. Tem um défice na balança de transacções correntes, pelo que é de se esperar que à medida que iniciar a exportação do GNL, o País vai gerar excedentes de moeda externa, que vão ajudar a manter a moeda relativamente estável”, explicou.
Neste contexto, conforme sustentou, é também de se esperar que o Banco Central esteja mais confiante para continuar a cortar as taxas de juro: “A partir daí, nós pensamos que haverá uma série de efeitos positivos para a economia nacional”, frisou. "Mas se torna imperioso perceber que o GNL, por si só, não vai resolver os problemas do País. Para que haja estabilidade económica é preciso perceber o papel que a agricultura pode desempenhar em Moçambique e como capacitá-la, para que o País deixe de depender de uma agricultura de subsistência e experimente uma melhoria da produtividade agrícola, assim como o desenvolvimento da cadeia de valor do sector".
Na opinião do economista chefe do Standard Bank, se Moçambique adoptar políticas económicas que ajudem a canalizar os recursos do sector do gás para o sector da agricultura, visando a sua capacitação e transformação, ter-se-á, a prazo, uma melhoria do rendimento da população.
“Se todo este investimento não for capaz de gerar excedentes a serem investidos para outros sectores da economia, então teremos duas economias isoladas: uma economia tradicional que não conversa com a nova economia que vai ser gerada pelo gás em Moçambique, colocando-se grandes dúvidas sobre a sustentabilidade e ainda sobre um crescimento económico não inclusivo”, disse.
Sobre a grande animosidade geral que decorre das DFI, o economista referiu ser necessária uma acção coordenada e uma gestão macroeconómica saudável, sendo, sobretudo, premente que haja uma boa governação, uma vez que esses recursos podem, também, ser desperdiçados.
Entretanto, o economista chefe do Standard Bank mostrou-se optimista que Moçambique saberá tirar o máximo benefício dos recursos do gás, para que o País possa crescer, sempre olhando para as questões de sustentabilidade, uma vez que esses recursos são esgotáveis. Num outro desenvolvimento, Fáusio Mussá indicou que Moçambique enfrenta vários desafios na consolidação da democracia e da paz. Contudo, as DFI do ponto de vista económico trazem grandes oportunidades para o País. Os projectos de GNL são de uma escala de investimento muito superior ao Produto Interno Bruto (PIB): “Se considerarmos os três projectos, em conjunto, estamos a falar de três vezes o valor do PIB de Moçambique”, concluiu.
Importa realçar que, no Standard Bank Master Class, o banco partilhou com as PME as projecções de crescimento da economia, a visão geral sobre o sector do Petróleo e Gás, mercados cambiais, risco e seguros e acesso ao crédito.
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