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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

“O sector açucareiro não está em crise” afirma ministro da Indústria e Comércio que ...

O ministro da Indústria e Comércio enfatizou semana finda que “o sector açucareiro não está em crise, tem outros problemas” como por exemplo “má gestão”. Ragendra de Sousa disse “Mafambisse e Maragra são fábricas a operar, é um problema de mudar o que está errado para o que está bem” e problematizou a protecção que o sector beneficia do Estado “isso é política de infant industry, jovem com 18 anos é infantil”.

 

 

A açucareira de Mafambisse, na Província de Sofala, está a despedir milhares de trabalhadores na sequência dos artífices financeiros em que o principal accionista, a Tongaat Hulett, envolveu-se na África do Sul e está a contagiar a açucareira de Xinavane. A açucareira da Maragra, na Província de Maputo, vive em constantes greves diante da intransigência do acionista maioritário, o grupo sul-africano Illovo sugar África, em melhorar os salários dos seus trabalhadores. No Búzi a açucareira continua parada pelo 28 ano consecutivo.

Na perspectiva do ministro Ragendra de Sousa “o sector açucareiro não está em crise, tem outros problemas” tendo indicado a construção de uma nova fábrica na Província de Maputo assim como a conclusão da fábrica de açúcar orgânico que foi edificada na Província de Cabo Delgado como exemplos de como “o sector açucareiro está bem e está saudável”.

Falando em conferencia de imprensa, no passado dia 15, o titular da Indústria e Comércio sugeriu que a crise de que se fala “pode ser má gestão, portanto é algo corrigível. A crise também pode ser trazida como uma forma de não confessar coisas mal feitas”.

“A Maragra é um problema de gestão, então faça a pergunta aos gestores, não faça ao ministro. Falem com o sindicato e o outro sócio da Maragra para perceber (...) Maragra é um assunto com solução, o que precisa é competência técnica e científica”, explicou Ragendra de Sousa.

Na óptica do ministro as açucareiras de “Mafambisse e Maragra são fábricas a operar, é um problema de mudar o que está errado para o que está bem. Custa dinheiro, por isso provocamos investidores. No caso do Búzi temos de procurar alguém que tenha vontade e paciência de comprar e montar uma fábrica nova, porque a que lá está é para deitar fora”.

“Há quantos anos o Estado entregou Búzi a privados, que são motores da economia, no entanto na zona do Búzi temos alto desemprego, temos migração campo cidade pelo desemprego e a açucareira está lá, a drenagem está, a fábrica é lixo”, declarou o titular da Indústria e Comércio.

Açúcar beneficia de “política de infant industry, jovem com 18 anos é infantil”

Ragendra de Sousa, que é professor de economia, quis dar uma aula aos gestores do Açúcar: “o sector açucareiro só lá dentro tem um processo de diversificação, o açúcar é um produto final mas há produtos intermediários que aumentam a rentabilidade de uma açucareira como a produção de álcool, bagaço, energia, gado, porque pelo bagaço de alimenta o gado, isto é o que deve fazer um gestor competente”.

“Pelo esforço do Governo a China está pronta a comprar 200 mil toneladas de açúcar, vocês como jornalistas vão lá saber a produção da Maragra e de Xinavane, talvez podem produzir e vai tudo para a Índia, onde há falta de mercado? Nós sabemos a causa da crise e porque sabemos estamos atentos. Compete ao Governo fazer tudo para que a produção não pare, para que não haja desemprego e isso nós fizemos durante o Fórum e temos manifestação de interesse de vários investidores sul-africanos, da Arábia Saudita, do Médio Oriente, há vários que mostraram interesse no sector açucareiro”, revelou o governante.

O ministro da Indústria e Comércio problematizou a protecção que sector beneficia, sendo o único dentre os agrícolas com esse privilégio. “O Governo durante 18 anos protegeu o açúcar, dizem que isso é política de infant industry, jovem com 18 anos é infantil? Infantil é aquele bebé que é preciso dar chucha e leite, com 18 anos ainda quer chucha? Se quer chucha essa pessoas não está boa de saúde”.

Apesar das divisas que gera com a exportação representa o paradoxo que é a Agricultura em Moçambique. O sector do açúcar empresa directamente dezenas de milhares de moçambicanos e indirectamente outros centenas de milhares, porém paga salários abaixo do mínimo aprovado pelo Governo. Não fosse a proibição da importação de açúcar e os consumidores nacionais pagariam menos pelo quilo deste produto alimentar.



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