O Governo de Filipe Nyusi admitiu nesta terça-feira (25) que em 2050 Moçambique terá cerca de 60 milhões de habitantes. Numa altura em que cada vez se fala mais em como tirar proveito do “dividendo demográfico”, pois metade dos moçambicanos são jovens, o Professor António Francisco chamou atenção “não temos coragem de falar da questão da fecundidade”.
“Para 2020, o ano corrente, a nossa população está projectada em 30.066.748 habitantes, as províncias de Nampula e Zambézia continuam a ser as mais populosas do país. Para 2050 a projecção indica cerca de 59.957.266 habitantes em Moçambique”, revelou a jornalistas o vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suazi.
Estes dados quase corroboram as projecções do académico em Demografia e Professor Catedrático de Economia, António Francisco, que no ano passado indicou que o nosso país já teria ultrapassado a fasquia dos 30 milhões de habitantes e previu que até 2050 os moçambicanos seriam mais de 65 milhões.
“Independentemente do seja agora a acção do Governo, da economia, etc, há uma coisa que é previsível e inevitável, dentro de 20 ou 30 anos nós vamos ter 60 milhões de pessoas, a menos que haja uma calamidade que destrua a população (...) quando Moçambique completar o primeiro centenário da sua independência, em 2075, vai ter cerca de 100 milhões de pessoas”, afirmou António Francisco durante uma conferência em Maputo.
Na Conferência sobre “Pobreza, Desigualdades e Modelos de Desenvolvimento”, organizada pelo Observatório do Meio Rural, o académico moçambicano assinalou que existe um grande consenso sobre a necessidade de redução da mortalidade, particularmente de crianças e das mães, mas nem todos concordam com a necessidade de reduzir o número de filhos. “Nós estamos a falar do dividendo demográfico, e agora tornou-se uma bandeira, mas o que eu vejo aí é uma subtil forma de negar a demografia, queremos dizer as pessoas tu podes ganhar o jackpot sem jogar, como não temos coragem de falar da questão da fecundidade”.
Na ocasião o Professor Francisco alertou que os biliões de dólares ansiados em receitas para o Estado, da exploração do gás natural existente na Bacia do Rovuma, não chegarão para compensar o crescimento da população moçambicana: “a necessidade de expansão de capital e infra-estruturas para cobrir o crescimento populacional de 3 por cento o Produto Interno Bruto deveria estar nos 14 por cento”, não nos 7 a 8 por cento projectados para a próxima década em Moçambique.
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