Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 4 de março de 2020

Cabo Delgado, Niassa e Manica tornaram-se nas províncias de maior prevalência da malária em ...

Enquanto se vive alguma histeria com a propagação pelo mundo do novo coronavírus em Moçambique a malária continua a ser a “emergência”, de acordo com o director do Programa Mundial da Malária na OMS. Estudos recentes revelam que Cabo Delgado, Niassa e Manica tornaram-se nas províncias de maior prevalência da malária, suplantando Nampula e a Zambézia.

Desde o fim de Janeiro e durante todo o mês de Fevereiro as autoridades de saúde nacionais e altos responsáveis da Organização Mundial da Saúde (OMS) estiveram reunidas fazendo a “Revisão de Meio Termo do Plano Estratégico da Malária, 2017-2022” e constataram que a malária continua a ser o principal problema de saúde pública em Moçambique sendo endémica em todo o país, variando de zonas hiper-endémicas ao longo do litoral, zonas meso-endémicas nas terras planas do interior e de algumas zonas hipo-endémicas nas terras altas do interior.

As boas notícias é que as mortes por malária estão a reduzir, de 4 por 100 mil habitantes para 2, e a prevalência não está a aumentar contudo pelo menos 10 milhões de moçambicanos continuam a padecer desta doença todos os anos, grande parte são crianças e mulheres.

O mais recente Inquérito Nacional sobre Indicadores de Malária constatou que a doença causada pelo mosquito Anopheles “constitui a principal causa de morbilidade e mortalidade em Moçambique entre as crianças menores de 5 anos de idade”.

“A transmissão da malária é elevada ao longo do ano, contribuindo para o desenvolvimento da imunidade parcial durante os primeiros dois anos de vida. Contudo, muitas pessoas, incluindo crianças, podem ter parasitas da malária no sangue sem apresentarem quaisquer sinais ou sintomas de infecção. A infecção assintomática não só contribui para a transmissão posterior da malária, como também aumenta o risco de anemia e outras morbidades associadas a malária, entre as pessoas infectadas”, refere o documento a que o @Verdade teve acesso.

O Inquérito Nacional sobre Indicadores de Malária revela que “14 por cento das crianças dos 6-59 meses são classificadas como tendo anemia severa ou moderada, definida como concentração de hemoglobina inferior a 8 g/dl. Comparado com estudos similares de 2011 e de 2015, “houve aumentos substanciais nas estimativas de prevalência de anemia” em Moçambique.

Combate à malária não deve ser realizado da mesma forma em Moçambique

“A anemia está associada a anomalias no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. As principais causas da anemia nas crianças são a malária e o consumo inadequado de ferro, folato, vitamina B12 ou outros nutrientes. Outras causas de anemia incluem as parasitoses intestinais, hemoglobinopatias e anemia falciforme. Embora a anemia não seja específica da malária, as tendências na prevalência da anemia podem reflectir a morbilidade da malária, contribuindo para mais de 50% das mortes relacionadas com a malária em áreas endémicas (Mensah-Brown et al. 2017). Os níveis de anemia respondem igualmente a intervenções da malária, que têm estado associadas a uma diminuição em 60% do risco de anemia recorrendo a um limite de 8 g/dl (Hershey et al. 2017)”, refere o documento.

Outra revelação importante é que a prevalência da malária reduziu nas províncias de Nampula e da Zambézia, de 66 e 68 por cento em 2015 passaram a 48 e 44 por cento, respectivamente. No entanto aumentou muito a prevalência da doença na Província de Cabo Delgado, mais do que duplicou de 29,4 para 57 por cento, na Província de Niassa, de 36,3 para 49 por cento, e também na Província de Manica, onde quase duplicou de 25,5 para 48 por cento.

“Vários factores contribuem para esta endemicidade, desde as condições climáticas e ambientais como as temperaturas favoráveis e os padrões de chuvas, bem como locais propícios para a reprodução do vector”, refere o Inquérito Nacional sobre Indicadores de Malária analisado pelo @Verdade.

Uma das principais conclusões da “Revisão de Meio Termo do Plano Estratégico da Malária, 2017-2022” é que o combate não deve ser realizado da mesma forma em todo o país, “deve ser feita de forma granular e ao nível geográfico mais baixo quando possível”.



via @Verdade - Últimas https://ift.tt/2IimMje

Related Posts by Categories



0 comments:

Enviar um comentário