Os deputados do partido Frelimo da IX Legislatura protagonizaram a mais rápida aprovação de um Plano Quinquenal do Governo (PQG) da nossa jovem democracia que em simultâneo é o mais irrealista que Moçambique já teve, por não refletir o impacto do covid-19 que já está afectar grandes opções económicas do 2º mandato de Filipe Nyusi: o Turismo onde se aguardam 13 milhões de visitantes está em falência, a indústria extractiva do carvão está quase parada, os investimentos no gás natural quase adiados e a utopia de acabar com a fome sem dinheiro para investir poderá tornar-se num pesadelo em 2024.
Em crise económica e financeira desde 2016, no ano passado Moçambique recuperou a esperança quando foi anunciado o maior investimento privado que África já teve de uma única só vez, o futuro melhor parecia possível mesmo sob os auspícios do partido libertador que se tornou corrupto. Era preciso esperar as Eleições Gerais, a posse do novo Governo a vida iria melhorar.
Mas ninguém viu o novo coronavírus chegar, aqui nem em nenhuma parte do mundo. As principais economias mundiais pararam e, enquanto o Parlamento chancelava o PQG que não reflecte nenhum impacto da pandemia do covid-19, a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmava que a recessão global decorrente do novo coronavírus já é uma realidade e que será "bem pior" que a crise financeira de 2008/2009, mas que escala e duração vão depender as acções tomadas pelos países.
Moçambique ainda não tomou nenhum acção objectiva para minimizar o impacto económico e social da pandemia que ditou o adiamento de um novo Programa Financeiro com o FMI que por esta altura poderia estar a ser em avançadas negociações.
No Turismo, uma das cinco opções económicas de desenvolvimento, o sonho de Filipe Nyusi é aumentar os 1,8 milhão de turistas, que nunca visitaram Moçambique, para 12,9 de visitantes em 2024.
No que a infra-estruturas diz respeito são milhares as elencadas no PQG, que ficaram por fazer no quinquénio passado, e vão desde a barragem de Moamba Major, passando pela manutenção de dezenas de milhares de quilómetros de estradas, reconstrução da Linha férrea de Machipanda, terminar o inviável aeroporto de Chongoene, edificação de milhares de sistemas de abastecimento de água e outras fontes do precioso líquido, latrinas melhoradas, fossas sépticas, salas de aulas para os ensinos primário e secundário, terminar os hospitais gerais, provinciais e distritais e até requalificar o complexo desportivo do Zimpeto.
Com a indústria extractiva do carvão mineral em declínio, mesmo antes do surgimento do novo coronavírus, a esperança de Filipe Nyusi é que antes de terminar o seu 2º mandato consiga ver a Fábrica Flutuante da Eni a liquefazer o gás natural existente no Campo de Coral Sul e iniciar a exportação, que pelo menos sejam concluídas duas unidades de liquefação do gás natural existentes nos Campos de Golfinho/Atum e seja iniciada a construção das infra-estruturas do que vão extrair e processar o gás natural existente nos Campos de Mamba/Prosperidade.
O drama é que não só os Campos de Golfinho/Atum estão infectados pelo covid-19 como os preços do petróleo despencaram para níveis que não tornam atractivos novos investimentos em energias alternativas, principalmente com o mundo em recessão. Se a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos já não conseguia financiamento agora será quase impossível obtê-lo, pelo menos a condições que não enterrem ainda mais em dívidas os sonhos dos moçambicanos.
Sem as receitas da indústria extractiva ou do turismo os milhões do Banco Mundial não serão suficientes para transformar a agricultura e alavanca-la para acabar com a fome em Moçambique.
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