O director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) minimizou o facto de Moçambique possuir apenas 34 ventiladores para 30 milhões de habitantes. “Temos que aproveitar a oportunidade para investir na prevenção, porque nenhum ventilador vai nos salvar desta pandemia”, apelou nesta segunda-feira (06) o Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior que desvalorizou a projecção do Imperial College de Londres que indicava que mesmo que Moçambique avançasse para um “lockdown” poderiam ser registados 9 mil óbitos.
Desde o passado dia 1 de Abril que Moçambique não regista nenhum novo caso positivo do novo coronavírus, mantendo os 10 infectados dentre os quais um ficou curado e os restantes estão em isolamento domiciliar. Embora ainda não tenha sido necessário o internamento de nenhum doente o director-geral adjunto da instituição que realiza os testes do Sistema Nacional de Saúde foi confrontado com a existência de apenas 34 ventiladores em todo o país, instrumento vital para a recuperação dos pacientes graves de covid-19. A insuficiência respiratória é a principal causa de morte por covid19, a doença causada pelo novo coronavírus.
O Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior minimizou mais esta precariedade da Saúde, num país onde uma unidade sanitária atende cerca de 10 mil pessoas. “Temos que aproveitar a oportunidade para investir na prevenção, porque nenhum ventilador vai nos salvar desta pandemia. Está demonstrado que os países que decidiram investir em ventiladores sem prevenção hoje não tem suficientes para a demanda, é preciso anteciparmo-nos nas medidas para não termos de precisar de ventiladores”.
“Nós não queremos sequer usar ventiladores, vamos investir na prevenção e assegurar que todos nós cumpramos com as medidas anunciadas pelo Executivo, se fizermos isso eventualmente não iremos precisar de ventiladores”, enfatizou.
Também confrontado com uma projecção de uma instituição académica britânica que previu que se o Governo de Filipe Nyusi apenas declarasse o Estado de Emergência 37 por cento da população poderia ser infectada pelo covid-19 e 30 mil poderiam morrer. A projecção do Imperial College de Londres indicou ainda que mesmo numa situação de “lockdown” pelo menos 11 por cento da população ficaria infectada e nosso país iria registar 9 mil óbitos.
Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior desvaloriza projecção do Imperial College de Londres
“Nós não podemos assumir as projecções por uma razão muito simples, a projecção publicada pelo grupo da Imperial College de Londres é importante mas tem alguns aspectos que temos de interpretar com alguma cautela. A projecção é feita com base num modelo matemático onde nós colocamos várias opções, há pressupostos que tem de ser considerados em Moçambique que podem fazer com que os números sejam superiores ou inferiores”, começou por clarificar o director-geral adjunto do INS.
O Dr. Samo Gudo nomeou alguns pressupostos que não terão sido levados em conta pelos académicos britânicos: “Por exemplo, a população moçambicana é maioritariamente jovem, comparativamente a população do Ocidente, 65 por cento da população é rural, onde a mobilidade é menos, são pressupostos que têm de ser considerados e há medidas que já estão a ser implementadas que vão ter impacto nos pressupostos da projecção”.
“As estimativas de há dez dias atrás, antes da declaração do nível 3 (Estado de Emergências) já não tem os mesmos pressupostos de hoje”, concluiu o académico moçambicano que é Doutorando em Imunologia de Retrovirus Humanos.
Primeiro relatório preliminar sobre covid-19 na Província de Cabo Delgado “em princípio na quinta-feira”
Relativamente as investigações para determinar como foi infectado o 10º paciente de covid-19 em Moçambique o director-geral adjunto do INS explicou ter as amostras de 30 contactos identificados na Península de Afungi, na Província de Cabo Delgado, só chegaram no início da tarde de segunda-feira (06) a Cidade de Maputo. “Recebi informação há poucos minutos que o voo proveniente de Pemba, com cerca de 30 amostras, acabou de aterrar e essas amostras serão testadas ainda hoje no turno da noite, portanto amanhã em princípio iremos partilhar esses resultados”.
“Esta é uma investigação complexa, uma investigação epidemiológica tem uma metodologia complexa e exaustiva com vista a assegurar que a conclusão que nós tirarmos seja final, não pode ser feita de ânimo leve”, declarou o Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior que clarificou ser necessário “ligar os resultados das amostras com os resultados dos questionários que foram feitos, é preciso entender a dinâmica dos contactos e relacionar com os resultados, neste momento a investigação está a decorrer e nós esperamos ter o primeiro relatório preliminar em princípio na quinta-feira”.
Nesta terça-feira (07), apesar de ter assegurado que “recebemos 33 amostras (na noite segunda-feira, 06), iniciamos o processo de testagem e ainda não cumprimos as 24 horas, teremos os resultados dentro de 2 a 3 horas (...) a equipa em Cabo Delgados está em fase de término de colheita das amostras dos indivíduos adicionais e regressa a Maputo amanhã (quarta-feira, 08) com o 2º lote de amostras que também serão testadas ”, continuava por ser identificada a fonte de infecção do 10º paciente da covid-19 e não tinha sido ainda diagnosticado nenhum infectado pelo novo coronavírus na Província de Cabo Delgado.
O @Verdade apurou que entre os 57 testes realizados entre segunda e terça-feira, o maior número já realizado num único dia em Moçambique, 47 foram testes a crianças moçambicanas num evidente alargamento da base da testagem para quadros respiratórios mais leves para detectar possível circulação do Coronavirus, no entanto as autoridades indicam que os casos de doenças respiratórias não tem aumentado significativamente nas unidades sanitárias moçambicanas.
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