O Instituto Nacional do Petróleo (INP) divulgou há poucas semanas que centenas de empresas em Moçambique já estão ligadas aos projectos de gás natural na Bacia do Rovuma. “Só para o projecto principal, Mozambique LNG, foram registadas na plataforma 1.400 empresas, das quais 427 são empresas registadas em Moçambique e 307 empresas detidas por moçambicanas” afirmou Carlos Zacarias que indicou existirem no projecto de Coral Sul FLNG “568 são empresas moçambicanas e já estão prestar serviços à Eni 220 empresas moçambicanas”. Questionadas pelo @Verdade as petrolíferas Total e a Eni não confirmaram estes números. “Dão nos encomendas de canetas e camisetes, o grosso está a passar ao lado”, revelou o representante da CTA na Província de Cabo Delgado.
Em conferencia de imprensa, no passado dia 12, o presidente do Conselho de Administração (PCA) do INP anunciou que dezenas de milhares de moçambicanos já estão a beneficiar dos projectos de gás natural em Cabo Delgado e centenas de empresas nacionais também.
“Só para o projecto principal, Mozambique LNG, foram registadas na plataforma 1.400 empresas, das quais 427 são empresas registadas em Moçambique e 307 empresas detidas por moçambicanas”, declarou Carlos Zacarias que recordou “concordou-se pelo projecto liderado pela Total, o Mozambique LNG, que 2,5 biliões de dólares seriam alocados somente para empresas moçambicanas”.
“Esse valor será gasto em serviços como transporte, inertes, cimento, etc. Desde valor foram já gastos cerca de 1 bilião de dólares, com empresas moçambicanas foram já gastos pelo projecto liderado pela Total cerca de 500 milhões de dólares até este momento”, especificou o PCA do INP.
Questionado pelo @Verdade sobre quantas dos fornecedores são empresas realmente de moçambicanos e dentre essas quantas são de moçambicanos da Província de Cabo Delgado o regulador do sector de petróleo e gás esclareceu: “está em progresso a definição dos indicadores de desempenho para diversos aspectos relativos ao reporte de dados sobre a implementação de Conteúdo Local, uma vez que grande parte das empresas não registavam de forma descriminada o número de empresas Locais. Referir que serão abrangidas nesse aspecto 6 categorias nomeadamente: empresas locais (onde o projecto está implantado), empresas detidas por nacionais (100% capital nacional), empresas moçambicanas (maioritariamente 51% capital nacional), empresas estrangeiras registadas em Moçambique, e empresas estrangeiras. Logo que o processo da desagregação da lista terminar iremos partilhar”.
Adicionalmente o Instituto Nacional do Petróleo indicou ao @Verdade que “estão registadas na plataforma do Projecto Coral Sul FLNG cerca de 1000 empresas, das quais 568 são empresas moçambicanas e já estão prestar serviços à Eni 220 empresas moçambicanas”.
Algumas dessas empresas ditas moçambicanas nem presença física tem em Cabo Delgado
O @Verdade efectou as mesmas perguntas as petrolíferas que lideram os consórcios que vão explorar o gás natural no Campo de Coral Sul e Campo de Golfinho/Atum.
A Total em Moçambique, que assumiu o projecto do Campo de Golfinho/Atum inicialmente liderado pela Anadarko, esclareceu que “actualmente, temos 279 empresas de propriedade moçambicana ou registadas em Moçambique que fornecem bens e serviços ao Projecto”.
“Destas empresas, 157 são detidas por moçambicanos (propriedade moçambicana > 51%), sendo 20 empresas de Cabo Delgado, e 122 estão registadas em Moçambique (propriedade moçambicana <51%), das quais 16 em Cabo Delgado. Em colaboração com as autoridades governamentais, estamos a trabalhar para aumentar a identificação de empresas moçambicanas e temos estado a reiterar a necessidade de as empresas não registadas na plataforma Achilles ( plataforma para cadastrar os nossos fornecedores) procederem ao seu registo na mesma para se fazerem conhecer”, acrescentou a petrolífera francesa.
A Eni não respondeu aos pedidos de informação do @Verdade.
Contudo o presidente do Conselho Empresarial da Província de Cabo Delgado disse ao @Verdade que “existem algumas empresas de Cabo Delgado, mas não tem nada a ver com aqueles números apresentados pelo INP”.
Gulamo Abubakar recordou em contacto telefónico que as petrolíferas desvirtuaram a definição do que são empresas moçambicanas com a conivência do Governo. “Já nem sabemos efectivamente quais são as empresas moçambicanas, o Código Comercial diz uma coisa mas as petrolíferas definem de outra forma.
“O exemplo de Inhambane (em alusão ao impacto quase nulo da Sasol no desenvolvimento de ligações com empresas locais) aplica-se perfeitamente a Cabo Delgado, algumas dessas empresas ditas moçambicanas nem presença física tem” declarou o representante dos empresários na Província de Cabo Delgado que revelou que o pouco negócio vindo das petrolíferas são “encomendas de canetas e camisetes, o grosso está a passar ao lado”.
O @Verdade revelou que grande parte do bilião de dólares que o projecto Mozambique LNG, liderado pela Total, está a gastar é com empresas estrangeiras registadas em Moçambique.
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