Num atípico dia de eficiência policial foram resgatados do cativeiros dois empresários sequestrados em Moçambique, trata-se de Rizwan Adatia e de Manish Cantilal. “O rapto de pessoas, cometido com violência e com a finalidade de extorsão ou resgate, continua a desafiar os nossos esforços e é usado como meio fácil de obtenção de dinheiro por parte dos criminosos”, declarava quase em simultâneo a Procuradora-Geral da República na Assembleia da República.
Foi resgatado nas primeiras horas desta quarta-feira (20), no bairro de Mulotana, no Distrito de Boane, na Província de Maputo, o empresário de nacionalidade indiana Rizwan Nuruddin Adatia, sequestrado no passado dia 30 de Abril no bairro do Fomento, no Município da Matola.
Em conexão com o resgate o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) deteve três jovens, um deles do sexo feminino, que confessaram a sua participação a mando de um “chefe” alegadamente na África do Sul.
A directora do SERNIC na Província de Maputo, Benjamina Chaves, disse a jornalistas que um outro jovem, funcionário “sénior” do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, havia sido detido anteriormente em conexão com o rapto.
Na sequência o Serviço Nacional de Investigação Criminal resgatou ainda nesta quarta-feira (20) um outro empresário que estava em cativeiro há 92 dias, num dos bairros do Município da Matola, trata-se de Manish Cantilal que revelou ter sido torturado como forma de pressão a sua família a pagar o montante exigido para a sua libertação. Este empresário moçambicana, de ascendência asiática, também conhecido pelo nome de Moniz Carsane já foi indiciado como mandate de pelo menos quatro sequestros na capital moçambicana.
Ironicamente estas operações policiais, que não resultaram na detenção de nenhum mandante dos raptos, aconteceram no primeiro, de dois dias, em que a Procuradora-Geral da República está na Assembleia da República a apresentar a sua Informação Anual sobre a legalidade em Moçambique.
“O rapto de pessoas, cometido com violência e com a finalidade de extorsão ou resgate, continua a desafiar os nossos esforços e é usado como meio fácil de obtenção de dinheiro por parte dos criminosos. Estas redes criminosas que inicialmente actuavam mais nas Cidade de Maputo, Matola e Beira, tendem a alastrar as suas acções para outras províncias, tais são os casos de Manica e de Tete, sendo os principais alvos agentes económicos e seus familiares, colocando, sempre, a vida da vítima como moeda de troca”, afirmou Beatriz Buchili.
A guardiã da legalidade, que revelou terem sido abertos 15 processos de raptos durante o ano de 2019, seis com despachos de acusação e dez em instrução preparatória, apelou a “uma intervenção enérgica, não só das instituições judiciárias, mas também a colaboração dos familiares das vítimas, das estruturas administrativas de base, dos agentes económicos e da sociedade em geral, na denuncia de suspeitas de raptos, pois os locais que, normalmente, são usados como cativeiro, situam-se nos nossos bairros e, a angariação dos valores para o pagamento do resgate, conta, algumas vezes, com o apoio de familiares, amigos ou agentes económicos mais próximos”.
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