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segunda-feira, 2 de julho de 2018

SELO: Sem medo de sermos livres - Por Pa Kwecha

Mais um 25 de Junho, mais um ano de Independência, mais um dia de festa. Sim, de festa. Porque – apesar da maioria de nós, estudantes e professores, conheça aquele dia do ano 1975 só através dos livros – a festa ajuda-nos a tornar viva e actual a história, a reflectir sobre o caminho que levou o nosso povo da escravatura à liberdade. A festa faz-nos lembrar como foi dura a condição de servos ontem, para não perdermos o sentido de sermos livres hoje.

Queremos olhar a Independência a partir da perspectiva privilegiada que nos encontra empenhados diariamente: a escola e a educação em geral. No tempo colonial, o ensino chegava só até a 4a classe e era funcional aos interesses do poder, no sentido que tinha que inculcar no educando moçambicano uma atitude de servilismo. O poder colonial conhecia os riscos de formar moçambicanos instruídos e sabia que a escola era perigosa porque tornava as pessoas conscientes dos seus direitos. Resumindo: o poder colonial tinha medo da escola, porque a escola educa à liberdade.

O sonho alcançado da liberdade, fez que Moçambique, logo depois da Independência, considerasse a escola, como prioridade: houve assim um esforço gigantesco visando alargar a educação a todos os moçambicanos. Por exemplo, dos 671.617 alunos matriculados no EP em 1975, passou-se a 1.276.500 alunos em 1976 (fonte: MINEDH).

A nossa pergunta é esta: a escola hoje, 43 anos depois da Independência, nos educa ainda à liberdade? A escola nos ensina a sermos livres? A formar pensamentos e ideias que não sejam cábula de alguém? A não ter medo de expressarmos livremente e criticamente?

Nós de “Pa Kwecha” – que ama- mos a liberdade e independência ao ponto tal de definir o nosso jornal “livre e independente” – deixa- mos a resposta contigo.

Mas – da mesma maneira como os nossos pais e avós sonharam e lutaram para a liberdade que se concretizou na Independência – nós também sonhamos uma escola diferente. Uma escola onde pensar seja mais importante que repetir e memorizar, onde a aprendizagem não seja avaliada com um banalíssimo multichoice, onde um professor seja livre de pertencer a qualquer que seja partido político, onde o estudante não só receba conhecimentos, mas seja estimulado a produzir conteúdos, sendo assim considerado não como um vaso para encher, mas uma árvore para crescer. Uma escola que ofereça realmente as mesmas oportunidades aos filhos dos pobres e dos ricos, para aplanar na raiz aquela desigualdade social que está a disparar no nosso País.

Uma escola que seja uma bússola que indica claramente o norte da liberdade à sociedade. Uma escola que seja simples- mente tudo isso. Estamos a sonhar demais?

Por Pa Kwecha

Distrito de Chemba, província de Sofala



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