Por Pedro Nacuo
FERNANDO Neves, o dinâmico edil de Mocímboa da Praia, na recepção aos 150 participantes ao IX Conselho Coordenador do Ministério do Turismo, no seu território, pediu-lhes que não desperdiçassem o facto de a reunião se realizar ali, assim como os seus munícipes não o fariam.
Usem-nos, desfrutem das nossas belas maravilhas e, por favor, não devolvam nada do que trouxeram! Foi ouvido, a dizer, muito bem, pelas 18.40horas do domingo passado à entrada do restaurante Vumba. Palavras são palavras!
Na verdade, a recepção de Mocímboa da Praia ao país em miniatura que ali se encontrou durante quatro dias, foi excelente, uma boa experiência de como uma pequena vila autárquica pode esmerar-se, com uma organização que "mete medo". A começar pela imaginação de formar grupos culturais correspondentes a cada província representada.
Na verdade, cada província do nosso país encontrou-se em Mocímboa da Praia, através de um grupo cultural a executar uma dança que faz parte do seu reportório e foi aí onde as delegações respectivas foram encaixadas e saudadas. Fernando Sumbana e Eliseu Machava deslocaram-se a todas as "províncias", espalhadas pela "Samora Machel" para saudar os participantes ao conselho coordenador. Tudo bem!
Agora vamos falar dos jantares: normalmente, eles decorriam no restaurante Vumba, à beira-mar, o mais robusto da vila de Mocímboa da Praia, sendo também uma hospedaria de luxo. Os almoços e lanches tinham lugar no local da realização da reunião, nas satisfatoriamente cuidadas instalações do Clube Desportivo de Mocímboa da Praia.
Devido à carga e ao peso de 150 hóspedes, que haviam sido convidados pelo edil, a tudo aproveitar, os donos do Vumba prepararam-se para que nada faltasse, incluindo uma deslocação à capital do norte, para os devidos aprovisionamentos.
Claro, com os olhos postos para o último jantar, que a história reza, ser o mais recheado, forte e diversificado, que uma vez alguém exagerou classificando-o como a razão dos encontros de mais de um dia, ou ainda, a parte principal de tais reuniões, de tal jeito que propunha que o programa fosse virado às avessas, começando pelo jantar, para terminar com o registo dos participantes ou Hino Nacional.
Durante a semana o Vumba lutou, sem fim, com os seus habituais clientes, na tentativa de os sensibilizar da sua incapacidade de ao mesmo tempo atendê-los quando tinha que alimentar convenientemente 150 bocas e apetites. Não gostaram, mas compreenderam!
No último dia, inclusive, tudo estava preparado até às 11.00 horas, para o jantar, que vozes diziam contar com a presença do governador provincial, Eliseu Machava, que se viria juntar ao ministro do Turismo, Fernando Sumbana. Aí, o Vumba ficou literalmente interdito, à espera do jantar que não haveria.
Porquê? Quando tudo indicava que se iria às pensões mudar de roupa para a batalha no Vumba, eis que uma informação se impõe, primeiro em surdina, depois através de altifalantes, segundo a qual, o jantar seria numa estância de nome Kumutchucthu, pertença do presidente do conselho municipal, onde imediatamente as pessoas se deveriam dirigir, utilizando o autocarro que estava à espera no exterior.
No Vumba empregados de mesa vestidos a rigor, prontos para servir os ilustres visitantes, nunca tinham o sinal de que " já estão a chegar". Seria verdade que não serviriam a ninguém, e por extensão não haviam servido para nada todos aqueles pormenores organizacionais. Realmente, o jantar de gala, ao contrário do programado, seria num outro ponto da vila, igualmente, à beira-mar.
Entraram em cena os contactos diplomáticos, depois que a água se havia entornado, que terminaram com a transferência, mas já tarde, depois da retirada da maioria dos participantes, de alguma comida para o Kumutchutchu. Não encontrou quase ninguém e a notícia vinha aos quartos ou barracas aonde se encontravam os não satisfeitos pelo jantar de encerramento.
Enquanto decorriam as manobras visando limpar a sujidade, por via de engenharias administrativas, não passou despercebido que doutro lado (escolhido à última hora) houve uma improvisação, desde os aspectos ornamentais, passando pelos higiénicos, assim como pelo peso das terrinas que continham os alimentos.
Foi-se, ouvindo dizer que se tratou duma nódoa do conselho coordenador e que alguém havia dito, há muito tempo, que quando a cabeça não regula, o corpo é que paga. O adágio poderia estar a dizer por dizer, só que neste caso, o corpo é o erário público que pagou dois jantares, porque a cabeça protocolar do Ministério do Turismo não regulou. Quem quiser provar que vá ver a factura de um (?) só jantar para 150 pessoas.
Hoje pode não transparecer nada, porque há quem aprendeu a fazer de contas, mas que houve dois jantares, houve!
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