O sector de segurança privada está a ter um crescimento exponencial no país. Dados na posse do "O País" indicam que há mais de 50 empresas de segurança privada registadas no Ministério do Interior, sendo que mais de metade operam na cidade e província de Maputo.
As mesmas têm um efectivo acima dos 30 mil trabalhadores. E estes queixam-se, constantemente, de más condições laborais, nomeadamente, sobrecarga de horário, onde um vigilante chega a trabalhar 24 horas seguidas e sem direito ao pagamento de horas extras; não pagamento de salário mínimo para o sector; atrasos salariais; não canalização das contribuições para o Instituto Nacional de Segurança Social, entre outras anomalias.
Dados na posse deste jornal indicam que das mais de 50 empresas de segurança privada, menos de dez cumprem com os mínimos exigidos. Muitas das empresas nem sede condigna para funcionarem possuem. Não têm locais de treinamento, viaturas, muito menos postos médicos nas empresas para assistir aos trabalhadores de uma área de grande risco. Ao que apurámos, apenas as empresas G4 security e SSP é que possuem postos médicos.
TRABALHO ESCRAVIZANTE
"O País" fez uma ronda durante duas noites para ouvir os trabalhadores de segurança privada. Muitos não aceitam gravar entrevistas, com medo de perder o emprego.
dizem que nas suas empresas "falar de horas extras é só no papel, na medida em que não somos pagos. Trabalhamos 14 horas de tempo".
Outros dizem que trabalham "24 horas seguidas e sem folga. O patronato sempre promete aumentar efectivos mas nunca mais. Trabalhamos 24 horas e recebemos 3 600 Mt".
Por outro lado, queixam-se de atrasos cíclicos de "salários e descontos permanentes nos já magros salários". Uma das apontadas pelos trabalhadores como sendo problemática é a Al Mahid Internacional. Aliás, ontem, a nossa equipa de reportagem deslocou-se à sede daquela empresa, onde encontrou trabalhadores a exigirem seus direitos, nomeadamente, salários e férias.
Naquela empresa conversámos com trabalhadores que estão desde 2007 sem férias. A direcção da empresa reconhece que algumas das reclamações dos trabalhadores são justas. No entanto, defende-se alegando que as dificuldades estão sendo ultrapassadas, sendo prova disso o facto de já ter pago grande parte da dívida ao Instituto Nacional de Segurança Social e não ter salários em atraso. Ademais, a direcção da empresa diz estar a resolver as questões ligadas à sobrecarga horária.
Como esta, há várias a operarem sem o mínimo respeito pelos direitos dos trabalhadores.
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