* Eu matei SAMORA...???*
"Eu matei Samora"
Maria Pons, correspondente em Joanesburgo Um ex-agente dos serviços
secretos militares do antigo regime
sul-africano do «apartheid» assumiu publicamente ter estado envolvido na
morte de Machel. Numa entrevista exclusiva publicada pelo semanário
«Sowetan Sunday World», o ex-agente afirmou que participou nos planos que
causaram a morte, em Outubro de 1986, num desastre de avião, ao antigo
Presidente moçambicano, Samora Machel, bem como a outras 33 pessoas. Hans
Louw, um assassino profissional ao serviço do Civil Cooperation Bureau
(CCB), um departamento de operações especiais daqueles serviços secretos,
concedeu a entrevista na prisão, onde se encontra desde 1997, a cumprir uma
pena de 22 anos, por ter morto um membro da mafia grega. Ele e um outro
agente são acusados de outros seis homicídios e 70 tentativas de homicídio.
Louw afirma que a morte de Machel não resultou de um acidente e que não foi
por acaso que o avião em que este seguia, um Tupolev de fabrico soviético
vindo de Lusaca (Zâmbia) em direcção a Maputo, caiu nas colinas em Mbuzini,
perto da fronteira sul-africana com
Moçambique.
"Eu fazia parte da equipa de reserva, armada com mísseis terra-ar, que
seriam utilizados caso o primeiro plano falhasse", disse Louw, que afirma
ter também colaborado nos relatórios e trâmites burocráticos da morte de
Machel. Segundo o ex-agente, havia um plano A, que devia desviar o Tupolev
da sua rota por meio da emissão de falsos sinais de rádio, o que
efectivamente aconteceu. Crente de que estava a baixar em direcção a
Maputo, o piloto russo conduziu, de facto, o avião para território
sul-africano, onde acabou por despenhar-se nas montanhas de
Lebombo, na região de Mbuzini.
Louw acusa os serviços secretos militares do regime do «apartheid», a que
pertencia na época, de terem emitido os falsos sinais. O mesmo método,
denunciou Louw, teria depois servido para abater um avião militar angolano
em 1989. Em 1987, uma comissão de investigação sul-africana declarou que o
desastre se devia a um erro do piloto, que também morreu no desastre.
Depois do fim do «apartheid», também a Comissão para a Verdade e
Reconciliação
investigou o desastre, mas não publicou os resultados. Nessa altura,
apurou-se que a causa do acidente foi, efectivamente, a emissão de falsos
sinais.
A pedido de Graça Machel e Nelson Mandela, a morte de Samora Machel está
agora a ser investigada pela equipa especial de investigações «The
Scorpions». Louw confessou ainda que no princípio dos anos 90 distribuiu
armas
para semear violência nos comboios interurbanos no Rand oriental próximo
de Joanesburgo, com armas provenientes de Moçambique. Depois de se demitir
das forças especiais, foi mercenário em Angola e na Serra Leoa com a
empresa sul-africana Executive Outcomes, oficialmente dissolvida em 1998,
mas que continua a actuar sob outros nomes.
E disse que estava arrependido do seu "passado sangrento" e que, por isso,
queria "pôr tudo em pratos limpos". As suas revelações são apenas a ponta
do icebergue.
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