As garantias dadas pelo Banco de Moçambique(BM) de que “o nosso sistema bancário está estável, sólido e goza de uma boa saúde”, depois da intervenção no Moza Banco e da falência do Nosso Banco, não tranquilizaram a Confederação das Associações Económicas(CTA).
A insegurança foi reiterada por Rogério Manuel, o presidente da CTA, após reunir-se nesta segunda-feira(21) com representantes da Associação de Bancos de Moçambique na busca de assessoria “para o encontro que teremos com o banco central.”
Teotónio Comiche, presidente da Associação Moçambicana de Bancos (AMB), presidente do Conselho Fiscal do Banco Internacional de Moçambique, S.A (BIM), disse apenas que foi um encontro regular visto que a agremiação que dirige é membro da Confederação das Associações Económicas e escusou-se a comentar as decisões do banco central assim como o pânico que se vive entre os depositantes da banca moçambicana.
Por seu turno o Rogério Manuel, que na semana passada afirmou que a decisão do Banco de Moçambique de declarar a dissolução e liquidação do Nosso Banco era “desincentivar as empresas a fazer depósitos nos bancos nacionais” e ameaçou que nenhum empresário “irá querer fazer depósitos em bancos comerciais para depois acordar no dia seguinte dizerem que já não tem dinheiro”, reafirmou a sua insegurança em relação à saúde dos 18 bancos ainda operacionais no mercado.
Questionado pelo @Verdade se as garantias dadas pela administradora do pelouro de Emissão e Mercados do BM, Joana Matsombe, não o tranquilizaram o presidente da CTA foi peremptório, “nem tão pouco” disse.
“Para mim deviam ter feito a mesma intervenção que fizeram com o Moza Banco” acrescentou Manuel que aclarou o seu ceptimismo relativamente aos critérios do banco central. “Não sei porque é que não fez uma intervenção como a que fez no Moza Banco no Nosso Banco, acredito que isto de dizer que só eram 987 empresas e poucos depositantes(5116) não quer dizer que deixa de ser um banco licenciado por eles, então se o Moza Banco teve uma intervenção por parte deles acredito que o Nosso Banco também merecia.”
Rácios de solvabilidade
Para o presidente da Confederação das Associações Económicas o que faz qualquer empresário acreditar num banco “É a informação que o próprio banco lança, portanto é só olharem para os indicadores hão-de ver quantos bancos é que estão com a mesma percentagem”, declarou Rogério Manuel em alusão aos rácios de solvabilidade das 16 instituições bancárias que responderam a “Pesquisa sobre o Sector Bancário” tornada pública em Outubro último pela consultora KPMG em parceria com a AMB.
De acordo com esses rácios de solvabilidade, que estão relacionados com os indicadores de solidez e qualidade de crédito, o Moza Banco tem um rácio de 9,9% e o Nosso Banco 9,1%. A leitura que tem sido feita é que outros bancos como o United Bank for Africa(UBA) Moçambique SA, que tem um rácio de 9,5%, poderiam estar já sob escrutínio do Banco de Moçambique para algum tipo de intervenção.
No entanto esta assumpção foi categoricamente desmentida pela administradora do BM, Joana Matsombe, na conferência de imprensa da passada sexta-feira(18), onde recomendou aos empresários a leitura dos Relatórios e Contas, que todos os anos cada uma das instituições bancárias deve publicar, como forma de aferir a segurança dos bancos onde efectuam os seus depósitos.
Recorde-se que com a falência do Nosso Banco, SA, poderão ter perdido os seus depósitos os clientes com contas em moeda estrangeira e também as empresas. Para os clientes singulares ficou assegurado, através do Fundo de Garantia de Depósitos (FGD), o reembolso de depósitos até 20 mil meticais por cada depositante, valor que começou a ser pago nesta segunda-feira(21).
Todavia a administradora Joana Matsombe deixou em aberto a possibilidade do valor do FGD aumentar, em função de um estudo que o Governo estará a realizar, e ainda a esperança de recuperação de algum dinheiro por parte dos depositantes mas só depois da apuração da massa falida, que será determinada após avaliação do que existe nos cofres do Nosso Banco mais o património e créditos a serem cobrados.
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