Antes da crise económica e financeira, derivada dos empréstimos ilegalmente avalizados pelo Governo de Armando Guebuza, fazer-se sentir o número de moçambicanos pobres era de 11.826.280, mais 2.160.118 cidadãos do que em 2002/2003 de acordo com a 4ª Avaliação Nacional da Pobreza no nosso País. O estudo do Ministério de Economia e Finanças, recentemente apresentado em Maputo, reconhece que o crescimento económico, sob a governação do partido Frelimo, não tem sido inclusiva e que “as condições de vida no Sul são muito melhores do que nas outras regiões” de Moçambique.
É um lugar comum afirmar que Moçambique não é Maputo, também não são precisos estudos para se notar que nos 41 anos de independência a capital do País desenvolveu-se muito mais do que o restante território, embora a província quase não tenha riquezas naturais e seja habitada por uma pequena porção dos moçambicanos.
Todavia a 4ª Avaliação Nacional da Pobreza, realizada pela Direcção de Estudos Económicos e Financeiros do Ministério de Economia e Finanças(MEF) com base nos dados do Inquérito aos Agregados Familiares sobre Orçamento Familiar(IOF)2014/15 revela o que é evidente. “O hiato ou gap entre zonas rurais e urbanas é grande e na melhor das hipóteses é persistente (se não tendente a piorar)”.
“As condições de vida no sul são muito melhores do que nas outras regiões, em quase a totalidade das dimensões de bem-estar consideradas e de acordo com todos os métodos (em parte devido a um maior nível de urbanização no sul). Além disso, a desigualdade de consumo no país tem aumentado muito desde 1996/97 em todas as medidas consideradas, tendo o incremento acelerado no período mais recente”, pode-se ler no estudo do MEF.
Ironicamente o relatório sobre a Pobreza mostra que nas duas últimas décadas, sem a denominada guerra de desestabilização e durante as quais a taxa média de crescimento real do Produto Interno Bruto(PIB) foi superior a 7%, de uma forma geral as “desigualdade e as diferenças espaciais aumentaram”.
“Com a relativa manutenção das taxas de pobreza observadas entre 2002/03 e 2008/09 e o crescimento da população, a estimativa do número de pobres subiu para 11,1 milhões no fim desse período. A redução das taxas de pobreza entre 2008/09 e 2014/15 foi insuficiente para produzir uma redução da estimativa do número absoluto de pessoas em situação de pobreza que, novamente, subiu para 11,8 milhões”, indica o estudo do Governo de Filipe Nyusi que no entanto verifica que, “embora as taxas de pobreza tenham decaído significativamente, o número absoluto de pessoas em situação de pobreza se manteve relativamente constante. Partindo de uma base de, aproximadamente, 12 milhões em 1996/97, o número de pobres reduziu-se para perto de 9,7 milhões em 2002/03”.
Pobreza aumentou nas províncias do Niassa, Nampula e Zambézia
A 4ª Avaliação Nacional da Pobreza constatou ainda que a nível regional, “evidencia-se que o norte piorou a própria situação em termos de taxa de pobreza de consumo, passando de 45 para 55 por cento, em quanto o decréscimo das taxas de pobreza no centro e no sul foi respectivamente de 10 e 18 pontos percentuais. Entre 2008/09 e 2014/15 a pobreza reduziu em todas as províncias do centro e do sul, particularmente em Maputo Província e Maputo Cidade, enquanto as taxas de pobreza estagnaram ou cresceram nas três províncias do norte”.
As denominadas assimetrias regionais agravaram no Niassa, em Nampula e na Zambézia, três das províncias que o partido Renamo pretende governar de forma autónoma, juntamente com Sofala, Manica e Tete.
Na província mais à Norte de Moçambique a incidência da Pobreza passou de 48,3% em 2002/2003 para 60,6% em 2014/2015, em números absolutos passou de 448.420 habitantes pobres para 995.620.
Na chamada capital do Norte, a Pobreza aumentou de 49,1% para 57,1%, existiam em 2002/2003 1.693.552 indivíduos pobres e passaram a ser 2.860.509 “nampulenses” abaixo do limiar da Pobreza em 2014/2015.
Na terra dos “Chuabos” a incidência cresceu de 49,7% para 56,5%, passando de 1.750.211 “zambezianos” pobres para 2.722.605.
Em sentido oposto a Pobreza reduziu em Maputo Cidade de 42,9% para 11,6%, entre 2002/2003 e 2014/2015, em termos absolutos os caiu de 451.482 pobres para 145.366.
Já na província de Maputo diminuiu de 59% para 18.9% da população, eram 602.413 indivíduos que viviam abaixo do limiar da Pobreza em 2002/2003 e passaram a ser 319.219 em 2014/2015.
Crescimento inclusivo é o desafio central que Moçambique vai enfrentar
O estudo do Ministério de Economia e Finanças, datado de 25 de Outubro deste ano, recomenda que com base nos factos apurados implicam inevitavelmente “que as dinâmicas futuras na agricultura familiar e no sector informal terão uma importância fundamental para permitir alcançar progressos na melhoria do bem-estar que sejam prolongados e de base ampla, ao longo da próxima década e além”.
“Quase a metade da população moçambicana tem menos de 15 anos de idade, e as altas taxas de dependência continuarão a representar um desafio para a próxima geração ou mais. O mesmo é valido para o futuro fornecimento daqueles serviços sociais e públicos em geral que são cada vez mais necessários, especialmente aqueles ligados a saúde e educação. Em conclusão, alcançar um crescimento inclusivo é o desafio central que Moçambique vai enfrentar no seu desenvolvimento económico e social nas próximas décadas”, conclui o relatório que contou com a colaboração de uma equipa da Universidade das Nações Unidas – World Institute for Development Economics Research (UNU-WIDER) e da Universidade de Copenhaga.
via @Verdade - Últimas http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/60056-pobreza-reduziu-em-mocambique-mas-aumentou-o-numero-de-mocambicanos-pobres-principalmente-no-norte
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