Pode parecer piada, mas não é. A competência é um dos piores defeitos. Ser competente, neste país, é um pecado capital, sobretudo no Governo da Frelimo. Basta ser um indivíduo competente para sofrer ostracismo, o dos mais mórbidos que se tem registo. Na verdade, a Frelimo já vem nos habituando com a sua falta de bom senso desde a Independência Nacional. Aliás, não é novidade para os moçambicanos que o Governo da Frelimo tem vindo a colocar indivíduos de competência duvidosa em cargos de direcção.
Não é preciso de um olhar clínico para perceber a horda de incompetentes que abundam na Função Pública ou no Aparelho do Estado. Desde Ministros a Governadores provinciais, passando pelos Presidentes de Conselho de Administração de empresas públicas ou participadas pelo Estado, até à própria liderança do partido e ao simples chefe de um Posto Administrativo.
O Presidente da República é, neste momento, o promotor-mor da incompetência. Aliás, no auge da sua incompetência, recentemente, nomeou uma senhora sem experiência e competência conhecida para um dos ministérios estratégicos e vitais para a saúde económica do país, afastando um indivíduo com larga experiência e bastante competente. Quando parecia que o Chefe de Estado havia esgotado a demonstração da sua incompetência, eis que esta semana surpreendeu os moçambicanos com mais uma das suas estupidezes: a exoneração do ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, Jorge Ferrão.
O pecado de Ferrão é ter sido um ministro extremamente competente. O Governo da Frelimo não gosta de competentes. É de senso comum o prestimoso e visível trabalho que ele vinha fazendo naquele ministério. Jorge Ferrão imprimiu uma nova dinâmica na Educação, um sector que era tido com um dos piores, principalmente no que diz respeito ao seu funcionamento.
Acantonar Ferrão na Universidade Pedagógica (UP), como reitor da mesma, é um incruento castigo que se pode dar a uma figura competente. Isto não significa que a UP seja instituição de quinta, sem nenhum prestígio, pelo contrário, Jorge Ferrão merecia outra sorte. É sabido o contributo que ele deu para o crescimento da Universidade Lúrio e espera-se que venha fazer o mesmo com a UP. Mas é preciso entender que a UniLúrio não era tudo aquilo que o Ferrão deixava os meios de comunicação social reportarem. Na verdade, a UniLúrio era Jorge Ferrão, e bastou este sair para se ver os pés de barro que sustentavam a Universidade. A UniLúrio, se fosse uma instituição privada, já teria declarado falência, devido às elevadas dívidas (na sua maioria contabilisticamente injustificáveis) contraídas no reinado de Ferrão. Hoje, a Universidade anda de rasto e sem credibilidade nos seus credores, e procura a todo custo se reinventar.
É, portanto, ilusório pensar que Jorge Ferrão irá dar uma outra imagem à UP. A pasta de ministro da Educação e Desenvolvimento Humano parecia a sua praia, até porque é notório o brilhante trabalho que fez ao longo dos sensivelmente dois anos.
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