Pelo menos oito homens mascarados e munidos com armas de fogo, que se identificaram como sendo membros das Forças Governamentais, invadiram na madrugada desta quarta-feira (07) a residência do John Chekwa, jornalista e delegado da Rádio Comunitária Catandica, no distrito de Báruè, na província de Manica. Na sua ausência do profissional da comunicação social o seu filho adolescente, e um amigo deste, foi violentado.
O grupo de homens chegou a habitação, localizada no bairro Expansão Mugabe, quebrou a luz exterior e arrombou a porta principal. “John Chekwa está onde você, está aonde?”, gritava um dos invasores enquanto vasculhava as divisões da casa, relatam duas testemunhas que na altura encontravam-se no local, o filho do jornalista e um amigo, ambos de 15 anos de idade.
De acordo com os rapazes os homens, que declaram serem membros da unidade das Forcas de Intervenção Rápida, o ramo paramilitar da Polícia da República de Moçambique, espancaram-lhes e ameaçaram-lhes de morte caso não revelassem o paradeiro do profissional da comunicação social.
“Podemos matar aqui ou no matador” vociferou um dos atacantes que acrescentou estarem ali “a cumprir com a sua missão”. Os homens estavam munidos de armas que, segundo as testemunhas, eram metralhadoras “tipo essas da polícia”.
Ambos adolescentes foram amarrados e colocados fora da residência sob a guarda do motorista do grupo, que durante o período que esteve no local comunicou-se em várias ocasiões através de um rádio. Eles faziam-se transportar numa viatura de marca Mahindra, cor preta, onde estavam outros civis, aparentemente também violentados.
John Chekwa é um profissional da radio quem ao longo da sua carreira, de várias décadas em Catandica, tem procurado fazer jornalismo, reportando os dramas sociais, económicos, a vida da Região e arredores. Tem sido um incansável difusor de práticas de boa governação, apontando as responsabilidades que os políticos locais deviam assumir o que lhe tem valido ameaças à sua integridade física por parte das estruturas locais que já o processaram judicialmente e, em outras ocasiões, tentaram silenciar-lhe encerrando a pequena rádio comunitária.
Chekwa é apontado pelos responsáveis do partido Frelimo no município como o responsável pelas derrotas eleitorais naquele município do Centro de Moçambique.
Os homens armados além de violentarem os adolescentes apoderaram-se de vários bens que existiam na residência: um televisor, um decoder de sinal de televisão via satélite, um leitor de dvd, dois computadores, um laptop, dois telefones celulares, uma impressora, um sistema de banco de dados, uma câmera de vigilância, uma câmera digital, gravadores, ventoinha, dinheiro no valor de 6 mil meticais, pastas com vários documentos.
Entretanto os rapazes conseguiram escapar dos seus algozes após uma das vítimas ter saltado da viatura e atirado uma pedra que atingiu a cabeça do motorista.
Os dois jovens refugiaram-se num local seguro, na companhia do jornalista, mas além do pânico da situação que viveram não estão bem de saúde.
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