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quinta-feira, 20 de abril de 2017

@Verdade Editorial: Um insulto à dignidade do trabalhador moçambicano

A estupidez e a falta de respeito do Governo da Frelimo para com o povo moçambicano nunca foram tão acentuadas como nos últimos tempos. Se antigamente encondiam-se por detrás do cinismo de que estão preocupados com o bem-estar dos moçambicanos, presentemente essa turma de insensíveis que dirigem o nosso país perdeu a vergonha na cara e, esporadicamente, vai lançando fel para a população.

Os reajustes salariais aprovados e apresentados esta semana pelo Governo da Frelimo são provas do desrepeito à dignidade dos trabalhadores moçambicanos. Ou seja, os aumentos salariais anunciados não passam de uns míseros meticais para distrair os moçambicanos dos graves problemas que o país tem vindo atravessar desde que foram contraídas as dívidas sem o aval do Parlamento. Estes aumentos, diga-se em abono da verdade, para além de demonstrarem insensibilidade por parte do Governo, representam um insulto a todos os trabalhadores. A título de exemplo, se para os funcionários e agentes de Estado que auferem um salário mínimo foi acrescido aproximadamente 700 meticais, para os que auferem acima de um salário foi fixado um aumento de 500 meticais. Que absurdo!

Na verdade, a batalha pelo aumento do salário mínimo começou há bastante tempo. É preciso lembrar de que a Organização de Trabalhadores de Moçambique – Central Sindical tem vindo a enfrentar a resistência dos parceiros sociais (Governo e o empresariado nacional) em ajustar o vencimento do empregado ao valor do cabaz mínimo de uma família-tipo em Moçambique (com cinco pessoas). Porém, o patronato continua a falar mais alto nas negociações do ordenado básico.

Por exemplo, desde a fixação do primeiro, não há nenhum registo de que, em algum momento, o salário mínimo cobriu, ao menos, a metade das necessidades de alimentação dos trabalhadores moçambicanos. Mesmo com os reajustes anuais, o aumento não tem efeito no orçamento doméstico, uma vez que o poder de compra dos consumidores tem vindo a agravar-se.

O Governo e o empresariado nacional mostram-se insensíveis e indiferentes à situação dos trabalhadores moçambicanos, pois acreditam que o aumento exigido pelos sindicalistas irá tirar a economia nacional dos trilhos, quando, na verdade, um aumento considerável não levará Moçambique para o abismo, pelo contrário, permitirá aos trabalhadores e as suas respectivas famílias levarem uma vida com o mínimo de dignidade e, consequentemente, contribuirão para o progresso do país. Mas o Governo da Frelimo não entende isso, até porque estão preocupados em levar água para os seus moínhos pessoais.



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