Chamo-me Leonelo Felizmino Lucas, de 32 anos de idade, activista e músico, de nome artístico ?Leo Wonderboss?. Actualmente resido no Kenya, onde me encontro em missão de trabalho, desde 2016. No último fim-de-semana, tornei-me no primeiro moçambicano a escalar o pico do segundo ponto mais alto de África e a maior escalada à montanha via Ferrata do Mundo. Falo do Mount Kenya (o primeiro é o monte Kilimanjaro com uma diferença de cerca de 700 metros).
Foram 4 dias de caminhada numa distância de aproximadamente 70 km, cruzando a floresta equatorial, para uma altitude de 5.199 metros, onde a temperatura varia entre 10 e 2 graus negativos. A escalada iniciou às 15 horas do dia 1 de Junho e terminou a 4 do mesmo mês às 12 horas.
A caminhada era realizada durante o dia, noite e madrugadas (das 02 horas às 20 horas). Este e o monte mais perigoso de se escalar em África pois várias pessoas já perderam a vida tentando chegar ao pico do mesmo. Mas lá cheguei...
?Fiz este sacrifício e aventura em nome da minha moçambicanidade?.
Lembro-me que, em 2014, o jovem moçambicano de nome Júlio Messa escalou o monte Kilimanjaro em nome da paz, solidariedade e perseverança no país e tornou-se no primeiro jovem a conseguir tal feito. Nele inspirei-me e fui buscar um outro feito. Escalei o segundo ponto mais alto de África, maior via Ferrata do Mundo e o mais perigoso de África.
O objectivo da minha escalada foi de manifestar a minha indignação em relação à actual situação económica do meu país por conta das chamadas dívidas ocultas, contraídas pelas empresas EMATUM ProIndicus e Mozambique Asset Management, com garantias do Estado e sem o conhecimento do Parlamento, entre 2013 e 2014. Estas dívidas passaram a ser soberanas no dia 26 de Abril de 2017. ?Eu estou a dever o que não devo?.
Não concordo com a legalização das dívidas e esta é a forma que encontrei para manifestar a minha cidadania, moçambicanidade e pressionar a quem é de direito a dar-nos uma informação que nos é de direito de forma que se esclareça este assunto. Essas dívidas foram contraídas por pessoas que estão entre nós e esse dinheiro está em algum lugar. Essas pessoas no mínimo que sejam responsabilizadas.
Se o futuro do nosso país está nas mãos da juventude, então precisamos de dar mais pelo país, mesmo que isso nos venha custar a nossa própria vida. Já não podemos nos manter calados se não silenciamos o nosso futuro, dos nossos filhos, netos e entregarmos o país a um grupinho de pessoas e condenarmos o povo a viver na misérias por conta da ganância e corrupção.
Precisamos trilhar os caminhos de Samora, Mandela, Martin Luther King, entre outros revolucionários.
Os nossos governantes devem perceber que a nossa forma de pensar está mudar e que amanhã podem pagar um preço muito alto pela marginalização de um povo que os escolheu para representá-lo. Se a pessoa que eu escolhi para me representar não me defende, nem olha para os meus interesses e apenas luta pelos seus interesses, então ela não serve.
Subi até um ponto alto de África para gritar para o mundo e manifestar a minha indignação, bem como exigir à PGR que nos esclareça por que é que estamos com fome de justiça.
“O que é preciso é viver sem medo”, Carlos Cardoso.
Estas palavras inspiram-me e devem, também, inspirar a qualquer jovem moçambicano e começarmos a lutar pelo bem da nossa nação.
Por Leonelo Lucas
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