Comemorou-se, nesta semana, o Dia Mundial da Rapariga, e, certamente, milhões de raparigas moçambicanas não tomaram conhecimento desta importante efeméride ao seu respeito. Há várias razões para essa ignorância (leia-se desconhecimento), pois é sabido, por experiência, que o Governo está a marimbar-se para a situação das raparigas moçambicanas e não só.
Aliás, como cogumelos depois da chuva, despontam em Moçambique quase todos os dias organizações não governamentais que supostamente se dedicam à causa da rapariga. Na verdade, não passam de organizações que se confinam os dias inteiros nos hotéis, salas climatizadas e persianas fechadas em centros urbanos a fazerem as habituais conferências e palestras de empoderamento que custam milhões de meticais, que no final do dia serve para justificar o dinheiro que receberam.
Enquanto isso, milhares de raparigas espalhadas pelo país casam-se muito e tornam-se mãe e abandonam a escola. Uma reportagem publicada pela @Verdade esta semana mostra que dezenas de raparigas que vivem em pequenos povoados ou em bairros suburbanos na província de Nampula, partilham cada vez mais o popular estigma que se está a torna o casamento prematuro. Na generalidade estas meninas entre os 12 e 14 anos participam dos ritos de iniciação, e daí começam a sentirem-se mulheres.
Como consequência disso, os casos de casamento prematuro crescem a uma velocidade estonteante, e as tais organizações que fingem defender os direitos da rapariga e o Governo fazem de conta que a o problema está controlado. Este não é apenas um problema exclusivo da cidade de Nampula.
Esta é, sem dúvidas, uma situação bastante preocupante a nível nacional, pois não se pode construir uma nação onde meninas de 12 a 14 anos tornam-se mães e esposas, quando deveriam estar sentadas numa sala de aulas. É revoltante o descaso do Governo da Frelimo em relação os moçambicanos, e as raparigas em particular.
Milhares de raparigas estão entregues a sua própria sorte em todo o país. A sua maioria precisa apenas de uma bolsa que não ultrapassa cinco mil meticais anuais para elas fazerem-se à escola. Este drama de abandono escolar por falta de menos de 5 mil meticais por ano é uma realidade que se verifica em todos os cantos e é repetido por imensas raparigas que têm a plena consciência que casaram cedo e aquelas que têm filhas pequenas se pudessem gostariam de evitar que a sua sina se repetisse.
É sabido que a educação da rapariga é a chave para emancipação da mulher, até porque, como disse Graça Machel, “educar uma rapariga é educar uma nação”. Mas o Governo continua a fazer de conta que isso não é um problema.
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