Não é novidade que Moçambique é um dos países mais afectados pelas Mudanças Climáticas no mundo, cada vez mais visíveis nos eventos extremos como a seca que nos últimos anos fustigou a Região Sul ou as chuvas cada vez mais intensas que além do drama humano deixam prejuízos e impacto na já débil nossa Economia. Há quatro anos existe um Fórum Nacional de Antevisão Climática mas ainda assim os economistas nacionais, e particularmente o Banco de Moçambique, considera “muito difícil” incorporar o Clima nas sua projecções.
Em Setembro passado foi apresentado o prognóstico para a próxima Época Chuvosa, que deverá estender-se entre Outubro de 2017 e Março de 2018, num trabalho que pelo quarto ano consecutivo é realizado pelo Fórum Nacional de Antevisão Climática - órgão que integra o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), a Direcção Nacional dos Recursos Hídricos, a Direcção Nacional de Saúde Pública, a Direcção Nacional de Agricultura e Silvicultura e o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.
Para além dos prognósticos, já divulgados pelo @Verdade na altura, Isaías Raiva, investigador do INAM, revelou que os prognósticos apresentados tem um grau de fiabilidade de cerca de 100% até ao final do corrente ano.
Ao @Verdade o meteorologista explicou que subsequentemente são efectuados prognósticos intermédios que permitem manter a fiabilidade actualizada ao longo dos três meses seguintes até ao término da época chuvosa.
Para aferir o grau de acerto do trabalho realizado pelo Fórum Nacional de Antevisão Climática Isaías Raiva fez um balanço da previsão da época chuvosa passada que teve um grau de precisão acima de 90% para a Região Norte, “onde houve falta de precipitação”, e ficou-se em mais de 60% de acerto nas zonas Centro e Sul “onde tivemos precipitação normal, como estava previsto, porém concentrada em zonas localizadas”.
É a partir do trabalho deste Fórum que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, há alguns anos, prepara o seu plano de contingências por forma a poder socorrer a todos os potenciais afectados pelos fenómenos extremos previstos acontecerem.
Previsões climáticas dependem “de outros profissionais, que não só economistas”
Diante do repetido impacto negativo das chuvas e seca, apontado pelo Governo na altura de prestar contas sobre as actividades que deixou de realizar e de como isso se reflecta na Economia o @Verdade questionou ao Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, qual é a dificuldade em incorporar esta variável nas projecções.
“Não é uma coisa fácil em Moçambique, nós na nossa região temos uma certa propensão a esse tipo de problemas climáticos, não é fácil”, começou por afirmar Zandamela, na conferência de imprensa que se seguiu a última reunião do Comité de Política Monetária e que apontou a “incerteza quanto aos efeitos climáticos” como um dos desafios do banco central.
Para o Governador, apesar dos trabalhos que tem vindo sendo feitos pelos meteorologistas e outros investigadores e estudiosos do Clima em Moçambique, “a nossa capacidade de fazer previsões de aspectos climáticos também reflecte a capacidade dos que fazem essas previsões. Se elas são difíceis para eles de prever o que vai acontecer, quer dizer que praticamente para nós como Banco de Moçambique é muito difícil de fazer, por não depende só de nós.”
“A competência de fazer previsões nessa área depende de outros profissionais, que não só economistas, eles que o façam e quando nós o recebermos será mais fácil incorporarmos”, resumiu Zandamela.
FMI recomenda políticas domésticas e investimentos para mitigar os impactos dos choques climáticos
Todavia este desafio de levar em conta as Mudanças Climáticas foi lançado em 2013 pela diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que afirmou que elas “o maior desafio económico do século 21”.
Durante a recente reunião anual do FMI que teve lugar nos Estados Unidos da América, e que o @Verdade acompanhou in loco, as Mudanças Climáticas foram um dos factores levados em conta pelo World Economic Outlook de 2017 que concluiu, numa análise que teve destaque num capítulo inteiro, que o aumento da temperatura global tem efeitos macroeconómicos desiguais, com consequências adversas concentradas em países com climas relativamente quentes, como a maioria dos países de baixa renda, como é o caso de Moçambique.
“Nestes países, o aumento da temperatura diminui por o rendimento per capita, a curto e médio prazo, por meio da redução da produtividade agrícola, da supressão da produtividade dos trabalhadores expostos ao calor, desacelerando o investimento, e afectando a saúde”, pode-se ler no World Economic Outlook de 2017 que advoga que políticas domésticas específicas assim como investimentos específicos para mitigar os impactos podem reduzir as consequências dos choques climáticos.
Políticas que faltam no Plano Quinquenal de Filipe Nyusi e investimentos que quase não são inscritos nos Orçamento de Estado no nosso país.
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