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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

SELO: Ainda mais uma vez sobre educação ambiental vs responsabilidade social - Por Basílio ...

Actualmente existe uma gama de factores provocando mudanças nas condições ambientais e de relações entre as espécies, introduzida pela acção humana na natureza. De modo geral, os seres vivos apresentam um processo desde seu nascimento, desenvolvimento, reprodução, até a morte. Durante esse percurso, diversos factores influenciam e moldam os elementos biológicos de cada espécie ao longo do seu ciclo de vida. Daí que as interacções bióticas e abióticas das espécies com o meio ambiente em que vivem são forças que actuam no critério de sua selecção. Tais critérios, por sua vez, actuam directamente na transformação de elementos biológicos de cada espécie, definindo, por isso, as condições peculiares da sua sobrevivência no planeta. Trata-se de um problema que pouco reflectimos a respeito.

Os escritos científicos definem a Educação Ambiental como um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e colectivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros. No tocante ao estágio actual de desenvolvimento desta, é de salientar que nos vários eventos nacionais e internacionais realizados, a busca da sustentabilidade foi apontada como a principal tarefa da Educação Ambiental. Assim, a Educação Ambiental para a sustentabilidade é reconhecida como um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito à todas as formas de vida, afirmando valores e acções que contribuam para as transformações sócio-ambientais, exigindo responsabilidade individual e colectiva, local e planetária.

Portanto, a produção e promoção da Educação Ambiental devem contemplar a inter-relação do Ambiente natural com o social, onde o papel dos actores envolvidos e as formas de organização social devam ser orientados numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, baseado em sustentabilidade ambiental. Assim, o aprender a cuidar da natureza torna-se algo gradual, onde o ser humano compreende que o uso indevido dos recursos naturais pode afectar a qualidade de vida planetária e, sendo assim, o cuidado com o meio ambiente não é somente responsabilidade dos órgãos governamentais. No entanto, os cidadãos devem ter a possibilidade de participar activamente nos processos decisórios para que assumam sua co-responsabilidade na fiscalização e controle dos agentes responsáveis pela degradação ambiental.

Assumimos, porém, que os problemas sócio-ambientais globais não podem ser resolvidos por programas globais, pois os cidadãos não vivem globalmente e ninguém investe recursos para alcançar objectivos globais que não estejam directamente ligados às necessidades locais. Neste contexto, a Educação Ambiental e o exercício de cidadania para a sustentabilidade devem adoptar estratégias diferenciadas para cada grupo e segmento da população (vulnerável, não escolarizada ou privada de informação). Assim, a educação ambiental está ligada ao fenómeno da globalização e reestruturação social, uma vez que se relaciona ao sistema de produção e consumo que gera impactos sobre o meio ambiente no seu todo, e promove cooperação mundial no sentido de tornar efectivo o processo de desenvolvimento sustentável.

O conceito de sustentabilidade está ligado à questão ambiental, mas não se reduz a ela. A sustentabilidade é uma temática vinculada à cultura, à sociedade e ao próprio ser humano. Está associada ao compromisso social e relacionada ao processo participativo de construção no qual as instituições políticas, a sociedade civil e os grupos de interesse organizados encontram espaço para exercer seu papel de representação política e institucional.

Sendo assim, a sustentabilidade deve ser produto de toda a sociedade ou, caso contrário, não acontecerá e haverá que começar a decidir como o país se posicionara na actual tendência da globalização. Para o alcance dos objectivos acima mencionados, a educação a ser desenvolvida deve ser em prole do desenvolvimento da prática de cidadania em todas variáveis sociais, visto que a integração do cidadão na defesa e protecção do meio ambiente, da saúde pública e do bem-estar comum representam factores chaves para garantir a equidade social e o equilíbrio ecológico.

Todavia, o desenvolvimento sustentável implica a prevalecia de premissa de que é preciso definir limites às possibilidades de crescimento populacional e económico e desenhar um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais critico-activos, por meio de práticas educativas e de diálogo informado, o que reforça o sentimento de co-responsabilidade e constituição de valores éticos.

Por último, assumimos que a educação ambiental aponta para propostas centradas na consciencialização do cidadão, na mudança de comportamentos, no desenvolvimento de competências, de capacidades de avaliação e a participação efectiva do cidadão. De igual modo, acreditamos que esta educação propicia o aumento de conhecimentos, a mudança de valores, o aperfeiçoamento de habilidades, a criação de condições que estimulem maior integração social e a harmonia dos cidadãos com o meio ambiente.

Por Basílio Macaringue



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