O candidato da Associação Juvenil para o Desenvolvimento de Moçambique (AJUDEM), Samora Machel Júnior, excluído das eleições autárquicas de 10 de Outubro deste ano, considera-se vítima da Frelimo. Revelou que as eleições internas para a escolha do cabeça-de-lista do partido/Estado pela autarquia de Maputo deixaram-lhe uma experiência amarga. Na AJUDEM, ele foi vítima dos “órgãos do poder e de regulação”, em alusão à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e ao Conselho Constitucional (CC).
O filho do primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Machel, disse que a agremiação que encabeçava vai “acatar e respeitar a decisão (...)” da CNE e do CC. Porém, não tem dúvidas de que “o que aconteceu com os membros da lista da AJUDEM foi uma atitude errada dos camaradas no partido Frelimo”.
Samora Machel Júnior, automaticamente preterido por encabeçar uma lista que os olhos da CNE e do CC “não preenchia os pressupostos legalmente exigidos”, tentou ser cauteloso no discurso. Mas nas entrelinhas deixou escapar que está entediado com a Frelimo, porque ao contrário daquilo que aparenta ser publicamente, não respeita os seus próprios estatutos.
“Preparei-me para dentro do meu partido concorrer às eleições internas”, mas “durante o contacto com as bases, aprendi que, por vezes, esta prática pode ser amarga, porque nem sempre se ouve o que se quer ouvir”, disse.
Segundo ele, nas bases do partido no poder, “o povo denuncia métodos de trabalho que, às vezes, são baseados na arrogância, na insolência e na incompetência de pessoas que não representam a verdadeira essência do meu partido”.
Aparentemente sereno e pausado nas palavras, o filho de Samora Machel disse que o silêncio em torno dos questionamentos de alguns camaradas sobre os critérios de exclusão nas eleições internas cresceu com o tempo e não lhe restou alternativa senão responder ao apelo da AJUDEM para concorrer como seu cabeça-de-lista.
Contudo, chegado àquela agremiação, “mais uma vez, o pacto de actuação passou para os órgãos do poder e de regulação do Estado”.
A AJUDEM e Samora Machel Júnior estão fora da corrida eleitoral por força do Acórdão 9/CC/2018, de 13 de Setembro, do CC.
O aspirante à presidência da capital do país, ora rejeitado, justificou a sua candidatura com a alegada necessidade de “fechar o fosso entre o poder o povo (...)”, com o objectivo de aproximar os cidadãos e levá-los a participar em o que chama de “mudanças reais (...)”.
Samora Machel Júnior é membro do Comité Central na Frelimo. Sobre a sua continuação ou não, ele disse que “o partido ainda não decidiu” sobre o seu futuro.
E na sua óptica, a democracia não deve ser aplicada de forma selectiva e ela não é feita só “com dois olhos, dois ouvidos e uma só voz”.
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