O ministro da Economia e Finanças admitiu que o Estado não tem seguro das suas infra-estruturas contra as Calamidades Naturais, num país onde todos anos mais de 500 escolas são afectadas por alguma intempérie que causa danos anuais de pelo menos 2 milhões de dólares, e nem sequer faz o seguro obrigatório de todas as suas viaturas por falta de dinheiro.
Discursando na abertura do IV Seminário sobre o Sector Segurador em Moçambique Adriano Maleiane desafiou as seguradoras a chegarem junto a cada vez mais cidadãos mesmo aqueles que estão na economia informal.
“Aos operadores devem garantir uma gestão sã e prudente, a capitalização das suas empresas, a contínua capacitação dos quadros para melhor responderem à crescente procura de seguros, incluindo a cobertura de riscos de grande dimensão, a realização de acções visando a inclusão de toda a população através de uma publicidade educativa e a contínua inovação e expansão dos seus produtos em serviços, em particular o micro-seguro”, disse.
O governante destacou ainda a necessidade de garantir a efectividade dos seguros em relação a responsabilidade civil obrigatória.
Contudo, entrevistado pelo @Verdade após o evento, Maleiane admitiu que nem todos os imóveis do Estado estão segurados, que nenhuma escola ou hospital possui um seguro contras as Calamidades Naturais, que cada vez mais fustigam o nosso país, por falta de dinheiro. “Precisamos de ver o impacto financeiro de fazer esses seguros”, esclareceu.
Além disso o ministro da Economia e Finanças reconheceu ao @Verdade que o Estado nem sequer consegue segurar todos os seus automóveis, violando a lei moçambicana que tornou o seguro de responsabilidade de veículos a motor perante terceiros obrigatório para todos os proprietários.
De acordo com o Banco Mundial o nosso país ocupa o terceiro lugar entre os países africanos mais expostos a riscos resultantes da variabilidade climática, incluindo a alta exposição das suas cidades às inundações costeiras e fluviais.
Plano Quinquenal incentiva “o uso do seguro contra desastres e riscos climáticos para a protecção dos investimentos”
As perdas médias anuais, resultantes de alguma Calamidade Natural, “correspondem a mais de 1 por cento do Produto Interno Bruto” Michel Matera, Especialista Urbano Sénior do Banco Mundial durante o IV Seminário sobre o Sector Segurador que aconteceu na passada sexta-feira (28) em Maputo.
“70 por cento da escolas no país estão em áreas de alto risco (...) avaliamos que anualmente se perdem 550 salas de aulas e mais de 50 mil estudantes são afectados inundações ou ciclones, como danos de mais ou menos 2 milhões (de dólares norte-americanos)”, acrescentou Matera que afirmou ainda que todos os sectores públicos estão vulneráveis as Calamidades Naturais.
Ainda segundo o Especialista Sénior do Banco Mundial em termos fiscais a reparação dos danos das intempéries que assolam Moçambique tem sido efectuado através da realocação orçamental ou pedindo ajuda internacional.
“Olhando para dois eventos específicos que aconteceram em 2013 e 2014, grandes inundações registadas, causaram perdas para o sector público de mais de 11 biliões de meticais, mas os desembolsos para responder a essas Calamidades foram de apenas 1,4 bilião de meticais, 12 por cento das necessidades, deixando um défice de financiamento muito alto. E isso se observa no terreno, muitas estradas, pontes, escolas ficaram sem serem reabilitadas”.
Importa recordar que o Plano Quinquenal do Governo de Filipe Nyusi propôs-se a “incentivar o uso do seguro contra desastres e riscos climáticos para a protecção dos investimentos”, como uma das medidas para reduzir a vulnerabilidade da economia e infra-estruturas aos riscos climáticos.
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