A esposa do empresário português raptado a 29 de Julho de 2016, no distrito de Marínguè, província de Sofala, Salomé Sebastião, está em Maputo, desde a semana finda, para pressionar as autoridades moçambicanas a esclarecerem o desaparecimento do seu marido, Américo Sebastião, cujo processo de investigação já foi arquivado. Ela entregou à Assembleia da República (AR) mais uma petição através da qual exige que a vítima seja devolvida ao convívio familiar. Saliente-se que Portugal avisou, ano passado, que não iria se deixar vencer pelo cansaço, uma vez que Moçambique tem pautado por um “prolongado e insólito mutismo.”
O documento – o terceiro de género a ser submetido ao Parlamento – foi igualmente entregue às bancadas parlamentares da Frelimo, da Renamo e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), para que ajudem a obrigar o Governo a investigar e prestar explicações cabais em torno do caso.
Em Setembro deste ano, a presidente da AR, Verónica Macamo, afirmou que recebeu uma carta dos parentes do empresário raptado, e não uma petição, conforme se propalava.
A 26 de Outubro de 2018, a família de Américo Sebastião tomou conhecimento, por meio dos órgãos de comunicação social, de que “o processo de investigação foi arquivado, sem qualquer tipo de avanço”, disse, na última sexta-feira (07), a esposa da vítima, numa conferência de imprensa na capital moçambicana.
Na data em alusão, a procuradora-chefe da República em Sofala, Carolina Azarias, anunciou o arquivamento das investigações ao desaparecimento do empresário, porque “infelizmente” não havia “pistas de quem possam ser os autores.”
Ela esclareceu, contudo, que a suspensão da investigação não era definitiva, pois o caso poderia ser retomado assim que surgirem novos elementos com vista à responsabilização dos verdadeiros autores do crime.
Na sequência, Salomé Sebastião mostrou-se completamente “surpresa” com a decisão, porquanto “não estava à espera.”
Américo Sebastião foi raptado numa bomba de abastecimento de combustíveis em Nhamapadza, supostamente por indivíduos trajados de farda militar. Nesse ano, a região era palco do conflito político-militar entre o Governo e a Renamo.
Volvidos mais de dois anos, o caso continua sem esclarecimento: não se sabe se a vítima goza ou não de boa saúde ou aconteceu-lhe o pior.
Desde então, “não houve qualquer comunicação com a família” e os seus raptores, “nunca exigiram resgate”, assegurou Salomé Sebastião.
A fonte disse que, na tentativa de esclarecer o assunto, as autoridades portuguesas ofereceram-se para ajudar o Governo de Moçambique mas este “nunca aceitou.”
Salomé garante que ela e a família vão continuar de pedra e cal até que haja esclarecimento do desaparecimento do seu cônjuge.
Aliás, prosseguiu, o Parlamento à única entidade à qual compete, constitucionalmente, “definir a política de defesa e segurança, ouvido o Conselho Nacional de Defesa e Segurança”, por isso, deve fazer valer o seu papel.
“Há um cidadão que está desaparecido e é preciso encontrar mecanismos para o fazer regressar à casa”, disse Salomé, reiterando que se Moçambique não aceita ajuda internacional é porque “pode resolver esta questão e compreende que há capacidade” para o efeito.
Em 2017, o Governo português “espremeu” a contraparte moçambicana exigindo explicações sobre o sumiço do seu concidadão. Porém, não teve resposta satisfatória, facto que originou crispação entre os dois países.
Para além de Portugal ter acusado Moçambique de estar a ignorar as insistentes démarches da embaixadora de Portugal em Maputo, com vista a obter possíveis novos desenvolvimentos em torno do caso, considerou que o Governo do Presidente Filipe Nyusi estava a pautar por “um blackout quase absoluto.” E avisou que não iria se deixar vencer pelo cansaço, o mesmo que a família da vítima tem vindo a prometer.
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