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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Quatro anos de boas intenções porém o povo nunca foi o patrão de Nyusi

Foto da Presidência da RepúblicaA promessa, transformada em compromisso, que “o povo é o meu patrão” revelou-se apenas mais uma das muitas boas intenções que marcaram os quatro anos da governação de Filipe Nyusi assinalados nesta terça-feira(15). Os patrões continuaram a ser os membros do partido Frelimo, os Parceiros de Cooperação, os investidores estrangeiros... enquanto o povo resigna-se no calvário da Pobreza.

Quando Filipe Nyusi comprometeu-se a 15 de Janeiro de 2015 em “(...)servir o povo moçambicano como meu único exclusivo patrão. O meu compromisso é o de respeitar e fazer respeitar a Constituição e as Leis de Moçambique” era apenas mais um membro que o partido Frelimo havia decidido indicar como o quarto Presidente de Moçambique.

Se é preciso reconhecer os esforços de Nyusi no calar das armas, que havia voltado a matar moçambicanos justamente após a sua eleição, não podemos ignorar os muitos empecilhos que o seu Executivo e partido continuam a criar para a atrasar a paz definitiva que teve nas Autáquicas de 2018, bem evidentes em Marromeu, o seu apogeu. O facto é que corremos o risco de chegar ao pleito Geral deste ano com as armas ainda em punho dos dois beligerantes.

A promessa de “construir um país que aposte na formação e desenvolvimento do capital humano, o principal activo nacional. Investiremos na formação de moçambicanos de todas as regiões do país” foi outra que não passou disso mesmo, promessa.

Os ganhos conseguidos com a Educação primária quase universal em Moçambique foram desperdiçados nos últimos anos com a falta de investimento na construção de escolas secundarias. Filipe Nyusi admitiu no seu Informe ao Parlamento em 2017 que havia construído apenas três escolas secundárias para um défice de pelo menos 10 mil. Essa falta de investimento culminou com cerca de 400 mil crianças, que em 2018 terminou o ensino primário do 2º grau, sem hipóteses de serem admitidos a 8ª classe porque não há escolas nem professores secundários.

Relativamente ao compromisso de “criação de novos postos de trabalho para qualificações de nível superior, médio e básico”, Nyusi ficará na história como o Chefe de Estado que criou mais empregos em 4 anos do que os seus antecessores em 40 anos.

O patrão de Filipe Nyusi são os seus “camaradas”

Já a promessa de aumentar “visível e tangível a médio e longo prazo das receitas públicas e do rendimento nacional médio e per capita” cria pesadelos aos moçambicanos que perderam poder de compra de forma inédita, a inflação só da comida básica ultrapassou os 40 por cento enquanto os salários aumentaram 500 meticais!

“Prosseguiremos com a construção de mais unidades sanitárias dotadas de meios técnicos adequados de diagnóstico e tratamento. Investiremos ainda mais na formação de médicos e outros profissionais de saúde competentes e motivados para atender com humanismo o nosso povo” prometeu o 4º Chefe de Estado moçambicano que entre 2016 e 2017 apenas conseguiu edificar um hospital rural enquanto o rácio de médicos que era de 1 para 12.552 cidadãos agravou-se para 1 médico para cada 13.239 moçambicanos.

Cada parágrafo do discurso da sua tomada de posse inspirou os moçambicanos, mesmo aqueles que não tinham confiado em Filipe Nyusi, porém há cada vez menos cidadãos que acreditam viver num país melhor do que em 2014 e não precisam de ranking e avaliações internacionais para comprovar o que se sente no corpo como ser expremido num transporte público, enquanto o Governo que foi prometido ser “orientado por objectivos de redução de custos e no combate ao despesismo” viaja em carros topo de gama ou em jatinhos de luxo.

A verdade é que Filipe Nyusi, embora tenha assumido as rédeas do seu partido político, tornou-se, ou sempre foi, refém dos interesses e apetites insaciáveis dos seus “camaradas” mais influentes.

Encurralado pelas dívidas ilegais contraídas pelos seus "camaradas", com a sua participação ou incompetência, afinal foram arquitectadas também no ministério que dirigiu, o Presidente Nyusi rendeu-se aos desejos e exigências do Fundo Monetário Internacional e dos Parceiros de Cooperação e Bilaterais que têm conseguido quase tudo o que pretendem na exploração dos abençoados recursos naturais que Moçambique ainda tem.



via @Verdade - Últimas http://bit.ly/2McAjtD

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