Ascendeu para 417 o número de vítimas mortais que o Ciclone tropical IDAI, que "massacrou" o Centro de Moçambique no passado dia 14, deixou nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia. Neste sábado (23) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelou que “um milhão de crianças foram afectadas e os números vão aumentar muito mais”. Henrietta Fore, apelou em Maputo ao mundo “agora precisamos para Moçambique de 30 milhões (de dólares norte-americanos)” deixou o alerta: “O mundo não pode pensar que esta é uma crise pontual (...) existe uma crise de curto prazo, mas existem também um crise de longo prazo”.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) actualizou ao @Verdade neste sábado que o número de óbitos subiu de 294 para 417 óbitos. Grande parte das vítimas mortais foram registadas na província de Sofala, 301, particularmente na cidade da Beira, 123, e no distrito de Nhamatanda, 112. Em Manica o total de mortes ascendeu a 101 pessoas, 94 delas só no distrito de Sussundenga.
As pessoas afectadas pelo ciclone de categoria 4, indicado como uma das piores catástrofes no Sul de África em décadas, passou de 344.811 para 482.974. As casas inundadas, totalmente destruídas ou apenas parcialmente já são 39.603 e as salas de aulas afectadas são 3.140 colocando sem aulas quase cem mil alunos.
Entretanto a directora executiva do UNICEF, que está no nosso país desde a passada quinta-feira (21) e visitou as regiões massacradas, disse que nesta altura: “É uma corrida contra o tempo que todos nós no mundo precisamos de saber. Temos um milhão de crianças afectadas e os números vão aumentar muito mais, é uma catástrofe iminente mas é um momento de oportunidade para todos nós virmos ajudar Moçambique”.
“Visitamos uma escola para onde muitos dos residentes da Beira foram alojados, os tectos das suas casas foram arrancados pelos ventos durante a noite e as crianças assim como as suas famílias procuraram refúgio, o que lhes levou à escola. Eles estão a viver na escola porque ali existe casa de banho, colchões, mantas e estão protegidos da chuva. Mas eles não podem ficar ali, as pessoas estão amontoadas e brevemente terão problemas de doenças”, descreveu Henrietta Fore do que presenciou na destruída cidade da Beira.
A directora do Fundo das Nações Unidas para a Infância notou que “a água está estagnada o que quer dizer que os mosquitos virão, a malária há-de chegar. Estamos preocupados com a cólera mas acreditamos que hoje (sábado 23) o Governo irá conseguir prover água potável”.
“Eles precisam de comida, eles precisam de abrigo, eles precisam de água limpa, e como as escolas estão ocupadas pelas pessoas que tiveram de abandonar as suas casas eles precisam as escolas de volta para aulas”, tentou enumerar as prioridades para a capital da província de Sofala.
Henrietta Fore descreveu o drama que se vive no distrito do Búzi, “é um distrito que é ladeado pelo rio, a vila esteve submersa em 8 metros de água. A água a está a começar a baixar e esperamos que os residentes do Búzi tenham conseguido fugir ou nadar para zonas seguras, não conseguimos ver a vila, não vimos pessoas”.
“A água está a baixar e as pessoas agora podem caminhar nela, com água pela cintura, mas as doenças que vêm aí é a próxima fase disto o que quer dizer que todos nós temos de prestar atenção ao resgate. Passou mais de uma semana e não podemos deixar as pessoas nas árvores sem comida e água e por isso busca e salvamento é a prioridade número um”, declarou.
Segundo a directora executiva do UNICEF a segunda prioridade é “aumentar a nossa atenção sobre as crianças, muitas delas foram separadas da família durante o terror da noite, muitas ainda não conseguiram reencontra-los. Estamos a fazer um trabalho de rastreio para tentar unir famílias, mas muitos dos parentes não se conseguem encontrar. Vocês sabem como pais que tendo em mente que o teu filho está sozinho num centro de acomodação não atender as chamadas telefónicas significa que tememos o pior, quer dizer que teremos que criar orfanatos e outras soluções para ajudar estas crianças”.
“O nosso apelo ao mundo é que agora precisamos para Moçambique de 30 milhões (de dólares norte-americanos), mas juntando com as necessidades urgentes para o Malawi e Zimbabwe são muito maiores. Portanto aqueles que generosamente puderem doar façam-no”, afirmou Henrietta Fore visivelmente impressionada tendo enfatizado que “o mundo não pode pensar que esta é uma crise pontual (...) existe uma crise de curto prazo, mas existem também um crise de longo prazo”.
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