Os investidores voltaram a mostrar pouco interesse nos Títulos de Dívida Pública do Estado, um novo leilão de Obrigações do Tesouro da 7ª Série onde o Governo pretendia obter 700 milhões de Meticais ficou sem “procura” nesta terça-feira (21) criando mais dificuldades ao Executivo de Filipe Nyusi que tem a esperança de financiar pelo menos 65 biliões de Meticais do défice orçamental com endividamento interno. Ao @Verdade, o Administrador Financeiro do Banco Comercial e de Investimentos, explicou que os bancos, que são os principais investidores, “tem um limite máximo de exposição à Dívida Pública”.
Após não ter conseguido colocar no mercado, no passado dia 23 de Abril, as Obrigações do Tesouro da 6ª, 7ª e 8ª séries, no montante global de 3 biliões de Meticais, o Governo voltou esta semana à Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) para tentar vender novamente os mesmo títulos de Dívida Pública Interna e poder financiar mais um mês do seu deficitário Orçamento do Estado (OE).
Com a “reabertura das Obrigações do Tesouro 2019 – 6ª Série” o Executivo pretendia obter 850 milhões de Meticais, oferecendo juros de 14 por cento. Conseguiu emitir 850 milhões após oferecer juros mais altos, entre 15,50 e 16,50 por cento.
Também oferecendo mais juros, 15 e 15,50 por cento em vez dos 10 por cento iniciais, o Governo conseguiu obter os 500 milhões de meticais que pretendia com a “reabertura das Obrigações do Tesouro 2019 – 8ª Série”.
Contudo, ainda no mesmo dia, colocou novamente em leilão as Obrigações do Tesouro 2019 – 7ª Série, para obter 700 milhões de Meticais, pagando juros de 14 por cento, no entanto a BVM indicou que “Não houve procura pela OT-2019-S7-R2”.
Esta falta de procura parece contrastar com a liquidez de Meticais existente no sistema financeiro, “a liquidez excessiva que o mercado hoje tem diariamente varia entre 30 a 35 mil milhões de Meticais” revelou recentemente Felisberto Navalha, Administrador do Banco de Moçambique, e vai na contramão dos rendimentos bilionários que os Títulos do Tesouro têm rendido aos bancos comerciais.
“Os bancos tem um limite máximo de exposição à Dívida Pública, até 2008 não haviam restrições mas depois houve o hair cut da dívida pública da Grécia... A minha primeira obrigação é proteger o depósito do meu cliente”, explicou Manuel Jorge Mendes Soares, Administrador Financeiro do Banco Comercial e de Investimentos.
Governo espera financiar 65,4 biliões do seu défice orçamental com Dívida Pública Interna
Entrevistado pelo @Verdade à margem do 2º Economic Briefing da Confederação das Associações Económicas, Soares declarou que “Não é uma questão dos lucros daí ou não, eu tenho que ter uma política de investimento daqueles depósitos (dos clientes) que seja sustentável, precisamos de ser prudentes”.
A emissão de Obrigações e de Bilhetes do Tesouro tem sido a principal forma do Governo de Filipe Nyusi financiar o Orçamento do Estado de 2019 que tem o défice de 93 biliões de Meticais.
O @Verdade apurou que expectativa do Executivo é obter 65,4 biliões desse dinheiro em falta principalmente com recurso a empréstimos ao banco central, aos bancos comerciais, instituições financeiras e através da emissão de Títulos de Dívida Pública do Tesouro e os restantes 27,7 biliões de Meticais poderão ser obtidos em donativos dos Parceiros de Cooperação.
Entre Janeiro e Março o Governo colocou no mercado 5,4 biliões de Meticais em títulos da Dívida Pública o que permitiu financiar quase um terço do défice do OE nesse período.
Governo poderá parar endividamento público interno em 2022 mas os juros serão o problema
O Fundo Monetário Internacional (FMI) indicou nesta segunda-feira (20) que o endividamento público interno vai continuar a crescer em 2019 porém deverá reduzir nos próximos anos.
Ari Aisen, apresentando as Perspectivas Económicas para África Subsaariana e Moçambique, projectou que em 2022 o Défice global do Orçamento do Estado após donativos poderá ser eliminado “(...) se os défices fiscais vão ser menores o Governo vai precisar emitir menos Dívida Pública”.
De acordo com o representante do FMI em Moçambique, “o Governo poderá ter receitas suficientes para cobrir todas as suas despesas, excluindo as despesas de juros. Obviamente que o défice global ainda vai ser maior, mas a trajectória é a mesma, mesmo incluindo as despesas de juros dentro das Contas Públicas”.
“Isso é importante porque o financiamento doméstico líquido, que tendeu a subir muito, vai entrar, eventualmente, em 2019 encontrar numa trajectoria declinante e transformando-se em superavit, em vez do Governo precisar do financiamento doméstico líquido emitindo Títulos, vai resgata-los”, perspectivou Aisen.
Entretanto as despesas de juros, que já são preocupantes pois no Orçamento deste ano o serviço da Dívida Pública disparou para 35 biliões de Meticais, onde 24 biliões são para amortizar os juros internos, poderão tornar-se num problema maior de acordo com o próprio Governo que declarou que: “A taxa nominal média de juro aumentaria de 18 a 20 por cento com novas emissões a taxas mais elevadas”, no Relatório de Riscos Fiscais 2019 tornado público esta semana pelo Ministério da Economia e Finanças.
via @Verdade - Últimas http://bit.ly/2WmD57i
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