Uma nova base de dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre a distribuição de rendimentos no mercado de trabalho em 189 países, afirma que apenas 10 por cento dos trabalhadores em todo o mundo, ganham metade do salário global. Em Moçambique essa desigualdade melhorou menos de 1 por cento, desde 2014.
A Base de Dados de Compartilhamento e Distribuição de Renda do Trabalho, desenvolvida pelo Departamento de Estatísticas da OIT, divulgada na passada quarta-feira (03) em Genebra, na Suíça, contém informações de 189 países. Ela é produzida através da maior colecção do mundo de dados de pesquisa de força de trabalho harmonizada e mostra que 10 por cento dos trabalhadores recebem 48,9 por cento do total do salário global, enquanto os 50 por cento dos trabalhadores mais mal pagos recebem apenas 6,4 por cento.
O director de Produção de dados da OIT e Unidade de Análise, Steven Kapsos, disse à ONU News que “os dados mostram que, em termos relativos, os aumentos nos rendimentos daqueles que ganham mais estão associados a perdas para todos os outros, com trabalhadores de classe média e baixa renda vendo um declínio na sua participação da renda.”
Em Moçambique no último ano do 2º mandato de Armando Guebuza 10 por cento daqueles que ganham mais ficavam com 65,69 por cento de toda massa salarial. Em 2017, último ano com dados disponíveis na base da OIT, essa desigualdade salarial diminuiu 0,99 por cento, portanto os 10 por cento que auferem os salários mais altos ficam com 64,70 por cento de todos os rendimentos salariais.
“A maior parte da força de trabalho global recebe salários surpreendentemente baixos e, para muitos que têm um emprego, isso não significa ter o suficiente para viver”, explicou à ONU News o economista do Departamento de Estatística da OIT, Roger Gomis, que parecia que está a referir-se especificamente a situação salarial em Moçambique.
Na Função Pública moçambicana, por exemplo, os denominados dirigentes Superiores de Estado acumulam mensalmente uma série de subsídios tais como em função da sua formação académica, de risco, bónus, exclusividade, entre outros, que para muitos deles acresce em mais de 200 por cento o vencimento base que a partida já é bastante acima da média.
No sector privado, particularmente nas multinacionais, a desigualdade é muito maior com os trabalhadores expatriados a serem remunerados em função dos salários nos seus países de origem e em divisas comparativamente aos moçambicanos, que embora alguns ganhem acima da média, tem salários 10 a 30 vezes abaixo dos seus colegas estrangeiros.
A nova base de dados será usada para monitorar o progresso em direcção aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
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