Rachide é um jovem que está a cumprir os seus 24 anos de prisão, numa Cadeia de Máxima Segurança situada na província de Cabo Delgado, por causa de vários crimes que lhe pesam a culpa, quiçá, por assassinato que perpetrou a um amigo dele.
Hoje o Rachide faz o seu décimo ano de prisão, mas honestamente ele se arrepende de todos actos cometidos e decide redigir uma carta à sua família, dizendo:
‘’Querido meu pai;
Querida minha mãe;
Querida minha esposa;
Família toda!
A minha vida cá é complicada e dolorosa! Passo todos os dias a chorar, arrependido por tudo o que fiz fora destas celas. Não tenho mais como sentir o vosso abraço, não tenho mais como poder vos ver. Fico ainda mais triste quando vejo a passarem anos sem poder receber a vossa visita cá, doe-me o coração e isso mata-me aos poucos.
Perdoem-me por favor!
Meu pai perdoa-me, por não ter ouvido os seus conselhos, por não ser aquele tipo de filho que sempre sonhaste ter. Aconselhaste-me sempre para que eu pudesse ir a escola e eu nunca te dei ouvido: desperdicei as oportunidades que deste-me pai!...
Minha mãe perdoa-me, por tudo que eu fiz. Apoiaste-me sempre financeiramente para que eu criasse pequenos negócios e no lugar disso eu me envolvi nas drogas. Fiz tudo ao contrário, não fui um filho capaz de compreender o sentimento de uma mãe pelo filho.
Minha esposa, desculpa por te deixar grávida e não poder estar perto, para cuidar junto de ti a nossa criança, que até hoje não sei se é menina ou menino porque lembro-me que fui condenado a prisão quando ainda estavas grávida.
Desculpa família por decepcionar-vos. Hoje estou muito arrependido. Peço perdão, peço desculpas, família!..’’
O Rachide assinou no fim da carta o seu nome, carimbando com as suas lágrimas que deixaram marcas de arrependimento, e pediu ao homem da segurança penitenciária para que lhe ajudasse a fazer chegar a carta na sua família.
Meses foram passando, sem que ninguém da sua família pudesse visitar-lhe. Rachide, contraiu problemas crónicos de saúde e teve que ser internado no Hospital Central de Nampula.
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